Enquanto abastecia o carro em uma pequena cidade do interior de Minas Gerais, o palestrante observou um cachorro ao lado da bomba, chorando e uivando sem cessar. Intrigado, perguntou ao frentista o motivo daquele sofrimento. A resposta foi direta:
“Esse pobre animal está deitado sobre um prego. Dói o suficiente para fazê-lo chorar e uivar, mas não o bastante para que ele se levante e mude de lugar.”
Essa história ilustra com precisão a situação atual do Exército Brasileiro. Após enfrentar humilhações sucessivas e cortes orçamentários arbitrários, a instituição vive um impasse existencial. Sofre o bastante para reclamar e lamentar, mas não o suficiente para agir e reagir ao arbítrio desenfreado.
O Exército permanece preso a hábitos e práticas que, embora prejudiciais, ainda são tolerados. Surge então a pergunta inevitável: já doeu o suficiente para provocar uma transformação profunda? Não é hora de rever valores distorcidos e redirecionar esforços para objetivos essenciais à própria sobrevivência da instituição?
E mais: o Brasil pode prescindir de seu Exército? Certamente não, desde que este cumpra seu papel com a dignidade que dele se espera.
A cada dia, medidas e decisões externas ameaçam desintegrar a estrutura do Exército, enquanto a própria instituição se mantém paralisada, enredada em uma visível acomodação. Essa inércia, no entanto, não é fruto de incapacidade, mas de uma liderança contaminada por egoísmo e outras deficiências morais.
Talvez, de forma inconsciente, alguns líderes militares cultivem um respeito exagerado pelos políticos. Não pelo mérito de ações virtuosas, mas pelo poder que estes exercem — um poder que fascina, mesmo quando expresso em um contexto de insanidade moral. Aplaudem-se cargos e posições em um mundo de aparências, enquanto se negligencia a essência do dever militar.
Essa apatia se torna ainda mais grave diante da continuidade de abusos físicos e psicológicos, como os desencadeados pelos eventos de 8 de janeiro de 2022. Mesmo dois anos após o ocorrido, muitos chefes militares permanecem complacentes com crimes evidentes e impunes.
O que pode transformar o Exército?
Virtude não é apenas discurso; é ação. É liderança que inspira e irradia valores. Não será um comandante rígido, apoiado em aparências e retórica vazia, que trará a mudança necessária. A transformação virá de uma liderança autêntica, movida por condutas corajosas, claras e justas — alguém capaz de tocar a alma dos militares e liderá-los com legitimidade.
É urgente reconstruir a mentalidade militar com base em valores sólidos, promovendo uma nova geração de líderes. Esses futuros líderes deverão carregar um compromisso inabalável com a tropa, tão genuíno que seja capaz de inspirar toda a estrutura do Exército e das demais Forças Armadas, irradiando força e renovação para os rincões mais distantes do país.
A integridade moral dos Generais terminou no momento em que não aceitavam reverenciar um Capitão mas aceitaram subserviência a um ladrão condenado que assumiu a presidência graças ao verdadeiro golpe do STF (leia-se "sistema")