Nervosismo no mercado leva à quarta suspensão consecutiva; taxas de títulos públicos atingem patamares recordes com cenário de deterioração econômica
As negociações no Tesouro Direto foram novamente suspensas às 13h desta terça-feira (17), em um ambiente de forte volatilidade no mercado financeiro. A paralisação ocorre no contexto de uma escalada das taxas de juros dos títulos públicos, impulsionada pelo temor dos investidores com a trajetória da dívida pública e as incertezas fiscais, enquanto a votação do pacote de contenção de gastos no Congresso permanece incerta.
Selic e alerta do Banco Central aumentam a pressão
O nervosismo no mercado foi intensificado pela ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta manhã. O documento detalhou os motivos que levaram à decisão do Banco Central de elevar a Selic a 12,25% na última reunião, com a sinalização de mais dois aumentos de 1 ponto percentual nas próximas reuniões.
O tom rígido da ata destacou a deterioração no cenário de inflação e a materialização de diversos riscos econômicos. Além disso, o Banco Central enfatizou que a harmonia entre política fiscal e monetária é essencial para a estabilização da economia, um claro recado sobre o impacto negativo do descontrole nos gastos públicos.
Taxas dos títulos disparam
Antes da suspensão, as taxas dos títulos públicos negociados no Tesouro Direto continuaram subindo de forma expressiva:
O Tesouro Prefixado 2027 passou a pagar 15,57% ao ano, ante 15,39% no fechamento da sessão anterior.
O Tesouro Prefixado 2031 viu suas taxas saltarem de 14,90% para 15,14% ao ano.
Nos títulos atrelados à inflação, o Tesouro IPCA+ 2029 avançou para 7,78% ao ano acima da inflação, aproximando-se do patamar de 8% de juro real. Os demais títulos de longo prazo romperam definitivamente a marca dos 7%.
Impacto para investidores
Com as taxas em alta recorde, os títulos públicos adquiridos anteriormente, com remunerações menores, perdem valor no mercado secundário. Esse movimento pode penalizar investidores que desejarem vender suas aplicações antes do vencimento, embora o impacto seja apenas “no papel” para aqueles que mantiverem os títulos até o fim do prazo.
Essa volatilidade se reflete nos portfólios dos investidores por meio da marcação a mercado, procedimento que atualiza diariamente o valor dos títulos conforme os movimentos das taxas.
O quarto dia consecutivo de alta nas taxas e as intervenções do Tesouro Direto revelam a crescente desconfiança do mercado com a condução da política fiscal do governo Lula. A falta de previsibilidade e o risco de atraso na votação do pacote econômico ampliam a aversão ao risco dos investidores, pressionando os juros e penalizando os ativos de renda fixa.
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