Após quatro dias, terminou na última quinta-feira, dia 18 de julho, a reunião quinquenal do Partido Comunista Chinês, conhecida como “Terceiro Pleno”. O encontro é tradicionalmente marcado por debates e mudanças estruturais na condução da política na China. Na última edição, em 2013, Xi Jinping afirmou que o futuro da economia seria marcado por uma maior participação do setor privado. Desde então, conforme o presidente consolidava sua posição como expoente único dentro do Partido, o encontro, que deveria ter acontecido em 2018, foi repetidamente adiado.
O anúncio de que o encontro finalmente aconteceria este ano animou os participantes de mercado. Devido aos inúmeros problemas estruturais, a China encontra-se em uma encruzilhada. Deve o país continuar na trilha do estatismo disfarçado de livre-mercado ou perseguir reformas liberais duras mas necessárias? Como tratar a queda acentuada da natalidade? E como reacender os espíritos-animais dos investidores e a confiança dos cidadãos de que a China de fato possui “common prosperity” como afirma o lema do Xi? O Terceiro Pleno seria o lugar ideal para encontrar as respostas para estas perguntas.
Entretanto, o resultado foi mais do mesmo. Dentre a prolixa prosa comunista, encontram-se os velhos objetivos e lemas. A transformação econômica de um sistema industrial para uma economia especializada em tecnologia de ponta. É necessária uma maior abertura comercial, uma vez que o governo persiste em compensar a fraqueza da demanda interna através de exportações. Para isso, a China usará cada vez mais a iniciativa do “Belt and Road” e focará em acordos bilaterais com países emergentes.
As reações do Ocidente, aplicando barreiras comerciais cada vez mais agressivas, retroalimentam a preocupação de Xi com segurança nacional e independência das cadeias de suprimento internacionais. A China deve ser capaz de produzir seus próprios chips, seus próprios robôs e sua própria inteligência artificial.
No começo do encontro, os jornais locais republicaram um artigo intitulado “Xi, o Reformista”. No qual, afirma-se que Xi é o novo Deng Xiaoping e que ele seria responsável por permitir que a China salte para uma nova era. A narrativa parece ter pouca tração com a realidade. Deng Xiaoping, famoso por suas reformas liberais na economia chinesa, conhecia os males das perseguições políticas. Alvo durante a Revolução Cultural, viu seu filho mais velho ser preso e ficar paraplégico, ao cair de uma janela do quarto-andar.
Enquanto isso, Xi Jinping trabalha consistentemente para ser o único capaz de controlar a segunda maior economia do mundo. Tornou o Grande Irmão uma realidade, expulsou membros antigos do Partido e tornou as decisões econômicas cada vez mais centralizadas. Boatos sobre um possível AVC tomaram conta da extremamente regulada internet chinesa. Os jornais locais desmentiram com imagens de Xi na cerimônia de encerramento. Fim do Terceiro Pleno... e das esperanças de alguma mudança de direção.
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