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Sr. Xi Jinping, deixe Taiwan em paz!

Discurso de Xi e Taiwan Relations Act norte-americano são indicadores negativos de solução para a crise China-EUA


Foto: Timo Volz, Pexels


Em meu último artigo, afirmei que o renascimento da história traria de volta líderes renomados. Líderes como Ronald Reagan, que em seu talvez momento mais icônico, afirmou: “Sr. Gorbachev, derrube este muro.”


Por mais peso que os atuais conflitos da Ucrânia e na Palestina tenham no arrefecimento da escalada militar no Pacífico, apenas um evento maior poderá prover uma mudança no rumo da história, tal qual aquela conclamada por Reagan.


Se o muro representava o contraste entre duas Alemanhas, o estreito de Taiwan ilustra a diferença entre duas Chinas, separadas apenas por delicadas conotações diplomáticas.


Enquanto o Partido Comunista Chines conduzia a China com primor tecnocrata para se tornar a segunda maior economia do mundo, do outro lado do estreito, Taiwan, que um dia fora o governo autoritário refugiado de Chiang Kai-shek, tornou-se uma democracia vibrante e autônoma.


 A ilha também conquistou seu destaque na economia global.  Através de parcerias público-privadas, Taiwan tornou-se o epicentro da cadeia produtiva de semicondutores - componentes que dão vida aos utensílios que habitam nosso dia-a-dia. Hoje, conforme a China luta para escapar das consequências econômicas do autoritarismo, as diferenças culturais e socioeconômicas da ilha com o continente ficam cada dia mais salientes.


Segundo Major Amonson e o Capitão da Reserva da Guarda Costeira Egli, em artigo publicado no Journal of Indo-Pacific Affairs, o fato de presidente chinês Xi Jinping, no discurso de posse de seu histórico terceiro mandato, ter enfatizado a completa reunificação da China, sugere não apenas que tal ambição continua viva, mas que ela é um objetivo pessoal de Xi.


Dessa forma, quando se analisa a demografia chinesa, os esforços de modernização das forças armadas e a idade do próprio Xi, o cenário mais provável é uma tentativa de anexação até 2030.


Recentemente, um projeto de aliança entre candidatos pró-China para concorrer à eleição da ilha, no próximo janeiro, fracassou. O candidato favorito, atual vice-Presidente, é taxado abertamente  de “encrenqueiro” por Pequim. Dessa forma, um governo que busque abertamente uma aproximação com os Estados Unidos pode acelerar os planos de Xi.


 A vitória do partido incumbente também impediria a opção de reunificação via plebiscito - tal qual Putin fez com a Criméia em 2014. Restariam, portanto, a Pequim apenas saídas militares. O historiador Niall Ferguson recentemente afirmou que a situação mais provável seja de um bloqueio naval, refletindo uma “Crise dos Mísseis Às Avessas”.


A discussão apresenta uma face ainda mais complexa quando consideramos o arcabouço legal que o governo americano criou para Taiwan. O “Taiwan Relations Act”,  assinado em 1979, admite “uma China sob dois sistemas”, sem reconhecer a “República da China” - supostamente o nome oficial de Taiwan.


Apesar de não garantir intervenção americana no caso de uma invasão à ilha, a lei afirma que os Estados Unidos deverão prover à Taiwan equipamentos e armas necessários à sua defesa. O objetivo deste compromisso era garantir que a estratégia com relação à ilha fosse um plano de Estado e não sujeito a alterações de governos específicos.


Ao mesmo tempo, a situação de Taiwan reverbera no mais íntimo do espírito americano. A ilha é um lembrete do passado das Treze Colônias. Não foram os americanos que um dia clamaram por liberdade e enfrentaram uma potência mundial? Não foram eles, também, que recorreram aos rivais dessa potência para conseguir equipamentos e armas?


Devido a sua complexidade, a questão permanece em aberto. Se os habitantes da ilha se recusarem à anexação, deve o mundo livre fornecer os meios para sua resistência? Chegará o dia em que escutaremos: “Sr. Xi Jinping, deixe Taiwan em paz”?

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