Servidores do IBGE denunciam aparelhamento sob gestão Pochmann
- Núcleo de Notícias
- 31 de jan.
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Manifesto acusa presidente do instituto de usar estrutura pública para autopromoção e desvio de foco dos indicadores econômicos

Servidores da área de comunicação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgaram nesta sexta-feira (31) um manifesto contra a gestão de Marcio Pochmann. O documento denuncia a priorização de conteúdos sobre o próprio presidente e seus assessores em detrimento dos principais indicadores econômicos do país, como PIB, inflação e desemprego.
Os profissionais afirmam que a comunicação do IBGE foi instrumentalizada para enaltecer Pochmann, criando um “IBGE paralelo” que ofusca a real missão do instituto. Além disso, criticam a nomeação de assessores sem concurso, a relação hostil da gestão com a imprensa e o uso de recursos públicos para viagens de promoção pessoal.
O manifesto também denuncia destituições autoritárias de servidores de carreira e o desvio do foco das pesquisas para atender agendas políticas. Segundo os comunicadores do órgão, a administração Pochmann tem ignorado a transparência e os princípios da ética profissional, transformando a comunicação do IBGE em uma ferramenta de propaganda.
Confira alguns trechos do manifesto:
"O IBGE paralelo está ofuscando o IBGE que realmente interessa à sociedade brasileira. As divulgações sobre o PIB, a inflação e o desemprego, inclusive os aguardadíssimos resultados do Censo 2022, tiveram que ceder espaço à avalanche de notícias sobre a gestão Pochmann. Grande parte das notícias divulgadas pela Agência IBGE ao longo do ano passado é composta por textos enaltecendo a gestão do atual presidente do Instituto, redigidos sob a orientação dos seus assessores."
"O trabalho dos profissionais de comunicação do IBGE é voltado para traduzir os resultados de nossas pesquisas para uma linguagem acessível ao cidadão comum. Nossos conteúdos são veiculados para a imprensa e pelas mídias do próprio IBGE. A utilização do aparato de comunicação social do IBGE para promoção pessoal configura-se num desrespeito à essência dos institutos oficiais de estatísticas"
"Pochmann, ao contrário de quase todos os que o antecederam no cargo, até hoje não deu uma coletiva para a imprensa que cobre o IBGE rotineiramente, preferindo falar com correspondentes estrangeiros, blogueiros amigos ou com veículos isolados, escolhidos sem qualquer transparência”, detalham os trabalhadores da área de Comunicação Social do instituto. A cronologia dos pedidos formalmente encaminhados à comunicação social do IBGE é ignorada. Isso contraria frontalmente a ética das relações do IBGE com os veículos de comunicação, que exige tratamento respeitoso e equânime a todos os jornalistas, independente do veículo ou da localidade em que eles trabalhem, incluindo as 27 unidades da federação, os correspondentes estrangeiros ou mesmo jornalistas de outros países, que frequentemente nos enviam solicitações por e-mail."
"Além de obliterar a função mais importante do IBGE, que é informar a sociedade brasileira sobre sua realidade, essas notícias paralelas têm gerado uma enorme sobrecarga de tarefas para jornalistas, designers e demais profissionais de comunicação do Instituto. Outra enorme fonte de atritos está nas turnês oportunistas pelo país, que pegam carona nas divulgações mais concorridas do IBGE, como as do Censo 2022 e de algumas pesquisas anuais, para uma agenda paralela de Pochmann e seus assessores, incluindo contatos com diversos políticos locais. Essas viagens ocasionam gastos absurdos com passagens e diárias, quando tudo poderia ser feito de maneira organizada e sem custos, a partir de videoconferências."
“Por tudo isso, os profissionais de comunicação do IBGE vêm se solidarizar com os colegas que pediram exoneração dos cargos de direção, com os coordenadores, gerentes e os colegas da ENCE que protestaram através da imprensa contra os desmandos da atual gestão e com a ASSIBGE, nosso sindicato.”
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