Santander alerta para inflação acima da meta e Selic a 13% no próximo ano

Banco revisa projeções e indica cenário desafiador para a economia brasileira

O Santander atualizou suas previsões econômicas e sinalizou um panorama preocupante para 2024, com inflação ultrapassando o teto da meta do Banco Central (BC) e uma taxa Selic que pode atingir 13% no pico. As novas projeções refletem um cenário de pressão inflacionária persistente e um mercado de trabalho ainda apertado, somados a desafios climáticos e cambiais.

A expectativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi elevada de 4,4% para 4,8%, impulsionada principalmente pelo aumento dos preços das proteínas e os efeitos climáticos, como a estiagem no Rio Grande do Sul. A equipe liderada pela economista-chefe Ana Paula Vescovi atribui essa revisão a fatores como desvalorização do real, que deve oscilar entre R$ 5,70 e R$ 5,80 nos próximos dois anos, e a normalização das chuvas, que não foi suficiente para neutralizar os choques de oferta.

Para 2025, a previsão de inflação também foi ajustada de 3,9% para 4,3%, enquanto para 2026 a estimativa permanece em 4,2%. O cenário reflete um ciclo prolongado de pressões inflacionárias, alimentado por desequilíbrios fiscais e pela desancoragem das expectativas do mercado.

Em relação à Selic, o Santander manteve a previsão de 11,75% para o encerramento de 2024, mas projeta elevações significativas até o pico de 13% em meados de 2025. A estratégia do Banco Central, segundo a análise, será condicionada pela política fiscal, que continua a gerar incertezas. O banco prevê aumentos de 50 pontos-base nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), com um ajuste final de 25 pontos-base em maio de 2025.

Os dados apresentados indicam um cenário de descompasso entre a política monetária e fiscal, com implicações severas para o crescimento econômico e para o bolso da população.