Com dívidas acumuladas a curto prazo e problemas operacionais, a Gol decidiu pedir socorro financeiro para evitar falência
Gol Linhas Aéreas
Aos poucos, o jargão popularizado durante a pandemia de covid-19 pelo ex-governador de São Paulo João Doria - “Fique em casa, que a economia a gente vê depois” - têm cobrado sua fatura.
A mais recente vítima é a companhia aérea Gol, que apresentou nesta semana um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, após acumular dívidas de R$ 20 bilhões.
Além dos efeitos gerados pelos lockdowns que praticamente inviabilizaram as viagens de avião entre 2020 e 2021, as despesas da Gol dispararam por uma série de fatores. Entre eles, a alta do dólar e os altos custos dos combustíveis para abastecer suas aeronaves.
Embora tenha conseguido reduzir seus débitos de R$ 23,5 bilhões para R$ 20,3 bilhões entre 2022 e 2023, outro fator agravante obrigou a empresa a pedir socorro. Uma parcela da dívida que vence daqui a 12 meses sofreu alta de 7,6% para 11,1%. As dívidas financeiras de curto prazo também dispararam 32,5% em 1 ano, chegando a R$ 1,1 bilhão.
Pior que o crescimento dos débitos foi a tentativa infrutífera da fusão com a companhia colombiana Avianca em 2023, que levou a Gol a compartilhar voos na América Central e EUA. Até o momento, a parceria - que levou à criação do grupo Abra - não foi rentável o bastante para apaziguar os prejuízos no mercado.
Em comunicado apresentado à imprensa em 25/1, a Gol explica, em detalhes, os motivos de ter apelado para a recuperação judicial nos Estados Unidos - e não no Brasil - para evitar uma eventual falência.
O principal fator para aderir ao Capítulo 11 das leis norte-americanas foi a chance de obter melhores financiamentos. No caso, algo em torno de R$ 4,6 bilhões (ou US$ 950 milhões).
Comunicado oficial da Gol sobre a recuperação judicial
“A GOL inicia o processo legal nos Estados Unidos com um compromisso de financiamento de US$ 950 milhões,na modalidade debtor in possession (“DIP”) por membros do Grupo Ad Hoc de Bondholders da Abra e outros Bondholders da Abra. A Companhia buscará acesso a esse financiamento como parte da audiência do Primeiro Dia com o Tribunal dos EUA, prevista para os próximos dias. O financiamento está sujeito à aprovação judicial e, juntamente com o caixa gerado pelas operações em curso, fornecerá liquidez substancial para apoiar as operações, que seguem normalmente, durante o processo de reestruturação financeira”.
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