A baixa competitividade da indústria tem outros aspectos
O Senado Federal promoveu no último dia 27 de abril um debate sobre juros, inflação e crescimento cujo centro se fez através das presenças dos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos.
O evento serviu, como pano de fundo, aos interesses de setores governistas para atacar a gestão técnica da política macroeconômica do Banco Central do Brasil.
Uma série de obviedades foram ditas como, por exemplo, que os juros altos encarecem o crédito e restringem o crescimento da economia. Grande novidade! E, nessa toada do sentimentalismo desenvolvimentista, traçaram um cenário de desesperança para a tomada de crédito pelo setores empresariais como se não houvesse uma crise fiscal das mais pesadas no Brasil e no mundo.
É importante frisar que o sistema bancário no Brasil é altamente concentrado, porém, embora relevante a constatação, esta não é a razão fundamental da alta taxa de juros. A questão tem problemas desconsiderados pelos ilustres desenvolvimentistas, como a alta demanda por recursos financeiros no mercado pelo governo federal para financiar a dívida pública interna, a incapacidade do governo federal em promover uma reforma do Estado, reduzindo o custo da máquina pública e simplificando a burocracia.
O que, de fato, impacta a realidade econômica do país é o centralismo estatal e falta de qualidade do gasto público, além da inflacionária indexação de despesas obrigatórias promovidas por uma Constituição Federal dirigista. Acrescente-se a esse quadro, decisões discricionárias de agentes governamentais impuseram ao Estado brasileiro, e por via de consequência, aos cidadãos, enormes perdas financeiras na alocação de recursos públicos.
As reformas que se apresentam, estão muito longe de equacionar a questão central que é a necessária desoneração da atividade produtiva no país para ganhos tecnológicos e de produtividade. Outro aspecto fundamental, ignorada pelos burocratas e por políticos clientelistas, é o livre mercado, ambiente de concorrência onde os preços relativos são formados longe dos arranjos cartelizados e oligopolizados por interferência estatal.
Termino informando aos leitores que líderes empresariais brasileiros, em densa base, produtores de análises demagógicas, de lugar comum e frases banais, esteve bem representado neste evento pelo presidente da CNI, Robson Andrade, que disse o seguinte: somente o crescimento econômico será capaz de corrigir injustiças históricas com o povo brasileiro, como baixa renda, o desemprego e a má qualidade dos serviços de educação, saúde e segurança.
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