Rumo Econômico antecipou medida do BC
No dia anterior ao anúncio da nova taxa básica de juros brasileira, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) chefiado pelo presidente da instituição, Roberto Campos Neto, foi mais uma vez alvo de ataques de quem deveria, em tese, manter a unidade no país.
“Só temos uma coisa desajustada neste país: o comportamento do Banco Central. Essa é uma coisa desajustada. Um presidente que não demonstra nenhuma capacidade de autonomia, que tem lado político, e que, na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar do que para ajudar o país”, atacou Lula.
O resultado do bombardeio coordenado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não surpreendeu. A manutenção da Selic em 10,50% ao ano determinada na quarta-feira (19) pela entidade, foi recebida como uma tentativa de estancar a sangria iniciada pelo governo, que tenta a qualquer custo culpar o BC pela sua própria incompetência em conduzir a economia do país.
Por sua vez, a decisão de encerrar os cortes - quando, em virtude da conjuntura, deveria ser de aumentar os juros - contou com o principal voto da ala governista no comitê. Gabriel Galípolo, o diretor de política monetária da autoridade monetária - assim como os demais oito integrantes do Copom - optou por não reduzir o indicador, claramente indicando que seu chefe estava errado.
Com a escalada inflacionária e o dólar em sequência de fortes altas (R$ 5,44 no fechamento do dia), não haveria espaço para atender petistas radicais como a deputada Gleisi Hoffmann e o presidente do IBGE, Marcio Pochmann, que acusam o Banco Central de conduzir uma política neoliberal, em tese, culpada pelo crescimento pífio do Produto Interno Bruto.
Ainda assim, a presidente do PT usou o X para esbravejar contra a decisão: ""Não há justificativa técnica, econômica e muito menos moral para manter a taxa básica de juros em 10,5%, quando nem as mais exageradas especulações colocam em risco a banda da meta de inflação", criticou.
Copom explica o fim da redução da Selic
Após divulgar o resultado de sua reunião, o Comitê de Política Monetária do Banco Central descreveu, em seu tradicional comunicado, as razões óbvias para a interrupção da redução dos juros referenciais, que vinham em trajetória de queda desde 2 de agosto do ano passado.
“Eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, escreveu o Copom. “O comitê se manterá vigilante e relembra, como usual, que eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, observou.
Rumo Econômico analisou a tentativa de uso político do BC antes da decisão do Copom
Horas antes do Comitê de Política Monetária do Banco Central confirmar o fim da redução da Selic, o estrategista-chefe do Rumo Econômico, Carlos Dias, comandou uma live que antecipou a decisão da entidade monetária em frear o corte de juros. Tanto Carlos Dias como o economista-chefe do Rumo Econômico, Linaldo Guimarães, destacaram a importância de agir de forma técnica e não ceder à manipulação comandada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“O Brasil trabalha hoje com projeções aceitáveis do boletim Focus para tentar manter a meta de inflação um pouco acima de 3%. Isso mostra a importância de termos uma gestão técnica do Banco Central”, apontou o estrategista-chefe do Rumo Econômico, Carlos Dias, a poucas horas do anúncio do comitê chefiado por Roberto Campos Neto.
“Sem querer ser academicista demais, a melhor opção seria o país seguir os padrões da escola austríaca, que evita o uso político do Banco Central - e que já conseguiu resultados significativos na Argentina, inclusive com um corte de 10% nos juros - uma coisa inédita no mundo em economias doentias como do país vizinho. O mesmo se viu aqui com o ministro Paulo Guedes. Em meio à pandemia ele conseguiu atravessar a crise com sucesso. Com déficit, sim, mas com medidas que proporcionaram a continuidade da política econômica sem o compromisso com gastos a fundo perdido”, analisou o economista-chefe do Rumo Econômico, Linaldo Guimarães.
“O que acontece agora não justifica medidas eleitoreiras, como as que acontecem para socorrer o Rio Grande do Sul”, complementa Linaldo. “O Congresso poderia votar um projeto semelhante ao da lei Rouanet, que é despropositada neste país, usando essa renúncia fiscal, por exemplo, para reconstruir o estado devastado pelas enchentes”, concluiu o economista.
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