Presidente do IBGE, Márcio Pochmann, é defensor do corte artificial de juros e ganhou fama por priorizar a ideologia aos números
Lula e necessidade de postes. Ao lado de Márcio Pochmann e Simone Tebet - Agência Brasil
Informações duvidosas. Dados estatísticos comprometidos. Consequências catastróficas. Entre 2003 e 2015, a Argentina foi governada pelo sistema que ficaria conhecido como Kirchnerismo: uma espécie de Peronismo 2.0 que levou o país a índices desastrosos de hiperinflação e miséria pelo atual presidente da república, Alberto Fernández.
Não que a gestão anterior, comandada pelo liberal Mauricio Macri, tenha se aproximado de salvar a economia de um país que um dia chegou a ser exemplo para a América Latina. Contudo, os dados sobre a conjuntura econômica de nossos vizinhos nunca foram tão sabotados quanto nos dias de Néstor e Cristina Kirchner.
Segundo um funcionário do Indec (Instituto Nacional de Estatísticas e Censos) - a versão argentina do IBGE - o começo do fim da credibilidade da organização aconteceu em janeiro de 2007, quando a inflação já dava todos os indícios de que superaria os anos anteriores.
“Nós mandávamos relatórios semanais para a Presidência com o índice de inflação, antes do fechamento mensal. Em janeiro de 2007, a inflação caminhava para ser mais alta que nos meses anteriores. Foi aí que começaram a nos pressionar com telefonemas insistentes para mudarmos o número oficial”, revelou de forma anônima um ex-diretor do Indec.
Pochmann mira modelo chinês no IBGE
O mau exemplo dado pelo casal Kirchner, hoje imitado por seu apadrinhado político, pode estar próximo de contaminar outro gigante do continente a partir das medidas do recém-nomeado presidente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Pelo que já deu a entender sobre seu perfil de atuação, Márcio Pochmann pretende modificar a forma de como os números de inflação, emprego e PIB são gerados. Os planos - segundo palavras do próprio Pochmann - incluem aproximar o Brasil do "modelo chinês", famoso pela falta de transparência.
A declaração mais recente de Márcio Pochmann causou espanto em quem compareceu à posse do coordenador-geral do Centro de Documentação e Disseminação de Informações (CDDI), do IBGE, Daniel Castro, ocorrida no final de outubro.
Tire suas próprias conclusões:
“A comunicação do passado era aquela que (sic) o IBGE produzia as informações e os dados, fazia uma coletiva, e transferia a responsabilidade para o grande público através dos meios de comunicação tradicionais. Isso ficou para trás”, afirmou.
Em suma, mesmo aqueles que pouco entendem de estatística já perceberam que as palavras do presidente do IBGE remetem ao risco de um “apagão de dados” - o mesmo apagão enfrentado pela Argentina, e que hoje contribui para o agravamento da crise na economia do país vizinho,
Mais gastos e corte de juros artificial
Desde o início de seu terceiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não fez questão nenhuma de esconder o desejo de cortar os juros básicos de uma forma artificial. Antes do primeiro encontro formal com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, Lula e aliados não economizaram em ataques contra o dirigente, que ganhou autonomia para decidir sobre o indicador sob a gestão de Jair Bolsonaro.
Por sua vez, a chegada de Márcio Pochmann ao comando do IBGE, municiado por forte carga ideológica esquerdista, serve como forte alerta. Não há como não temer o surgimento de dados maquiados, com o poder de influenciar de forma equivocada até mesmo eventuais novos cortes da Selic.
Como é de amplo conhecimento público, Pochmann é contra privatizações, corte de despesas para equilibrar as contas do governo, além de ser favorável à diminuição da Selic - ainda que descolada dos índices de inflação.
Vale lembrar que, em sua passagem pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), entre 2007 e 2012, o atual presidente do IBGE foi um defensor ferrenho do crescimento da máquina pública, apostando na contratação desenfreada de servidores.
Pouco tempo após a saída de Pochmann do Ipea, o Brasil sofreria um baque econômico de proporções históricas, com o pior Produto Interno Bruto em 127 anos - cortesia da administração Dilma Rousseff (PT). No pacote da desgraça econômica e social, queda abrupta de arrecadação, inflação alta e recessão de norte a sul do país.
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