Crises nas duas principais economias do mundo podem ter fortes reflexos na economia brasileira
O cenário econômico e fiscal de China e Estados Unidos tem preocupado boa parte dos economistas e lideranças econômicas de governos por todo o mundo, e não é à toa. Em sua participação no Lide Brazil Development Forum, realizado em Washington, o presidente do Banco Central do Brasil (BCB), Roberto Campos Neto, afirmou na última sexta-feira (1º), que a perspectiva para a dívida pública americana apresenta um quadro realmente preocupante, e enfatizou a análise realizada pela Fitch ao rebaixar a nota do país na semana passada. De acordo com Campos Neto, tendo neste momento seu lado fiscal em forte expansão, o governo dos Estados Unidos devem gastar aproximadamente US$ 2 trilhões apenas em 2023.
Com a piora nas condições de aquisição de moradia, os juros de 30 anos ultrapassando os de cinco anos (fato que há muito tempo não ocorria), o excesso de poupança privada encolhendo, a pressão fiscal apenas cresce nos EUA, e o impacto disso dentro do Brasil é algo real. Para o presidente do Banco Central do Brasil, ainda não vemos uma desaceleração intensa da economia americana, no entanto, caso ela venha a surgir, há motivos realmente fortes para preocupação com a economia dentro do Brasil.
De forma semelhante, a desaceleração econômica da China, junto à queda aguda de 8,5% do mercado imobiliário dentro do país, traz mais um ponto forte de alerta ao mercado brasileiro que hoje é em grande parte dependente dos chineses em sua economia. O setor imobiliário representa 30% do Produto Interno Bruto do país oriental e segundo a análise de Campos Neto, as medidas tomadas pelo governo de Pequim em busca de conter os efeitos nocivos de um mercado que agora tem empréstimos imobiliários negativos e duas grandes empresas do setor com valor de mercado próximo a zero, não têm sido suficientes, principalmente mediante o intenso envelhecimento da população e a falta de empregos para as novas gerações.
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