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Os Canhões de Agosto: a Alemanha se prepara para a guerra

Campo da batalha de Somme: Newfoundland Memorial Park. Foto: Michael St. Maur Sheil. The National WW Museum and Memorial.


A historiadora Barbara Tuchman recebeu o prêmio Pulitzer de 1963 por seu famoso livro Os Canhões de Agosto. Nele, Tuchman analisa os antecedentes e o desenrolar dos planos de cada um dos exércitos que levou a Europa e, em seguida o mundo, à Primeira Guerra Mundial.


Os planos, a deflagração e as batalhas são minuciosamente escrutinados na obra premiada. O cenário era de tal forma complexo e interligado que, ainda que as posições não fossem necessariamente ofensivas e não significassem o desejo de entrar em guerra, a estrutura de alianças de então arrastou todos ao conflito.


A guerra pressionava todas as fronteiras. Os governos, subitamente assustados, esforçaram-se na tentativa de afastá-la. Foi inútil.


Barbara Tuchman, Os Canhões de Agosto


Pouco mais de cem anos depois, a europa se vê novamente às voltas com uma situação geopolítica que demanda dos estados um fortalecimento de seus exércitos e cuja escalada não descarta o conflito em escala global.


A história se repete e, diante de situações estratégicas críticas em seu entorno, a Alemanha anuncia gastos da ordem de 100 bilhões de euros destinados à Bundeswehr – as forças armadas alemãs – em um movimento que visa torná-la a líder em gastos militares na Europa, capacitando o exército alemão a rechaçar qualquer ameaça que bata à sua porta.


Tais expectativas deverão ser confirmadas na Conferência de Segurança de Munique que acontece de 16 a 18 de fevereiro na famosa cidade e espera receber mais de cinquenta chefes de estado e cem ministros de países de todo o mundo.


Liderando esse processo está o Ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, que defende um orçamento confiável, sustentável e crescente para as forças armadas. Como na época das alianças secretas do início do século XX, a Europa hoje está comprometida com o princípio da defesa coletiva. A se confirmar a predição do ministro Pistorius de que a Rússia poderia lançar um grande ataque dentro de cinco a oito anos contra um país integrante da OTAN, ao menos a Alemanha estaria kriegstüchtig – apta para a guerra.


Estarrecidos e assustados, os Chefes de Estado, que em última análise eram os responsáveis pelo destino de seus países, tentaram recuar, mas o impulso dos planos e programas militares arrastou-os para a frente.


Barbara Tuchman, Os Canhões de Agosto


Escaldados pela dependência externa da Ucrânia, que em 1994 abdicou de seu arsenal nuclear sem contrapartida que compensasse a perda de poder militar, ninguém quer ficar para trás na corrida pela defesa.


A invasão da Ucrânia pela Rússia deve servir de lição para todos os países sobre o que é o mundo real. Há vinte anos, a possibilidade de que vinte por cento do território ucraniano viesse a estar ocupado pela Rússia seria encarado como piada na Europa ou nos Estados Unidos. Isso tem de servir de lição, inclusive para o Brasil, afirmou nesta sexta-feira o Comandante Leonardo Mattos em seu conceituado podcast semanal Conexão Geo .


Créditos: defconbr.net / Carlos Kwasinski

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