Em coletiva na Câmara, deputado Gustavo Gayer exigiu a abertura da CPI para investigar eventuais abusos de autoridade
Cerca de 20 parlamentares de oposição organizaram uma entrevista coletiva na Câmara dos Deputados na tarde desta quarta-feira (24) para exigir a abertura da CPI do Abuso de Autoridade. Liderados por Marcel Van Hattem (Novo-RS), senadores e deputados se manifestaram contra os inquéritos abertos pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes que permanecem sob sigilo – até mesmo de seus advogados desde 2019. (Confira a coletiva completa AQUI).
“Conseguimos unir todos os parlamentares que estão sofrendo abuso de autoridade”, alertou Van Hattem. “São inquéritos os quais nem mesmo nossas defesas têm acesso. Viemos aqui para exigir justiça e que os sigilos de todos sejam levantados. Não só de parlamentares, mas de todos os brasileiros que são perseguidos políticos”, acrescentou.
O senador Rogério Marinho (PL-RN), que lidera a oposição na casa, apontou que algo “realmente estranho” acontece na atual democracia brasileira.
“Quando você observa que 20 parlamentares da oposição – e de mais nenhum outro espectro político – são alvos do judiciário pelo crime de opinião algo está errado em nossa democracia”, destacou Marinho.
Por sua vez, a deputada Bia Kicis resgatou o caso de censura à revista Crusoé. Ela citou a matéria intitulada Amigo do Amigo do meu Pai, que acusava o ministro do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, de uma suposta ligação com Emílio Odebrecht e Lula.
“Tudo começou com um inquérito contra a revista Crusoé que ousou fazer uma denuncia que atingia membros do STF. Quando o STF criou este inquérito baseado em um regime interno que a PGR disse que não havia sido recepcionado pela constituição, toda a imprensa se voltou contra essa decisão”, relembrou a deputada.
“Nós, que estamos aqui, nos manifestamos contra esse inquérito. Mas eles (o STF) aproveitaram esse inquérito e usaram contra parlamentares. E esse inquérito persiste com a complacência da imprensa. Vocês precisam fazer o seu papel. A imprensa, sim, pode salvar a democracia. Não é um ministro que conduz inquéritos ilegais que rá salvar a democracia”, reiterou.
Gayer pede abertura da CPI de Abuso de Autoridade
Na mira do Supremo Tribunal Federal por ter chamado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de “ladrão” em um evento parlamentar, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) apontou que o STF acusa a imprensa e parlamentares de violar o sigilo dos processos e, ao mesmo tempo, comentam publicamente sobre os mesmos.
“Eles colocam (os ionquéritos) em sigilo para amedrontar a oposição. Eles colocam em sigilo, mas comentam o processo em rede de televisão nacional. Então, abram os processos para que todos os comentem”, clamou Nikolas.
Já o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) usou da ironia para criticar a censura, questionando os colegas se qualquer um presente “respondia processo por corrupção”.
“Alguém aqui responde a qualquer inquérito sobre corrupção ou tráfico de drogas. Lavagem de dinheiro ou rachadinha? Mas quantos aqui respondem por suas palavras? Esse é o Brasil que vocês estão testemunhando. Todos são inquéritos ilegais abertos de ofício. Parlamentares respondem a inquéritos por nossas palavras. Essa é a democracia que venceu? O amor que retornou?, questionou Gayer.
“É vergonhoso. Quais serão os inquéritos abertos pelas palavras que serão ditas hoje? Sr. Alexandre de Moraes, o senhor perdeu essa batalha. O Brasil já sabe que é uma ditadura do judiciário. Que seja aberta a CPI do abuso de autoridade imediatamente. Esses absurdos precisam vir à luz do dia imediatamente. Se esses sigiloso forem retirados, todo o império ficara nu”, concluiu Gayer.
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