Em janeiro, Lula elogiou a política econômica do país vizinho, que hoje amarga índices ainda piores de inflação e pobreza
Crédito da imagem: Agência Brasil/EBC
Em sua primeira viagem internacional de 2023, Lula arriscou ignorar o sofrimento dos mais de 44 milhões de argentinos apenas para agradar seu anfitrião, o presidente Alberto Fernández. A fala do petista até já se tornou famosa pelos motivos errados, mas vale ser resgatada pelo contexto:
“A Argentina terminou o ano de 2022 numa situação privilegiada. Não apenas na economia, na política, mas no futebol”, afirmou o petista durante visita a Buenos Aires, em 23 de janeiro.
Que passe o futebol, a Argentina já enfrentava no começo do ano seus piores números econômicos desde 1991, com inflação de 94,8% e pobreza crescente.
Exatos 8 meses depois do encontro entre Lula e Fernández na Casa Rosada, o cenário continua bem aquém do “privilegiado”. A disparada dos preços, provocada pela escassez de produtos e impressão célere do peso, levou à inflação atingir 124,4% ao ano, após atingir 12,4% em agosto - o pior resultado para o mês desde 2002.
A população do país vizinho sentiu na pele as altas dos preços, justamente em dois setores vitais da economia: os alimentos e a saúde, que registraram alta de 15,3% e 15,6%, respectivamente.
Combustível para a pobreza
Alimentada por uma série de decisões equivocadas, que começaram lá atrás, no decorrer da pandemia de covid-19, a Argentina parece mergulhada em um caminho sem volta. A hiperinflação é uma realidade amarga, que contribui diariamente para a disparada da pobreza.
Segundo o Indicador de Estatísticas e |Censos (Indec), o país chegou ao patamar de 40,1% no primeiro semestre - percentual que representa alta de 3,6% em relação ao primeiro semestre de 2022. Em suma, os argentinos, em geral, estão quase 4% mais pobres em 2023 do que no mesmo período do ano passado.
Se vale como alerta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também demonstrou desprezo pelos números, ao abordar as metas para o controle da inflação no Brasil, estabelecidas pela autonomia do Banco Central.
Em junho, Lula afirmou que o “Brasil não precisava ter uma meta de inflação tão rígida”, ao mesmo tempo que bombardeava o presidente do BC, Roberto Campos Neto, para abandonar a contenção dos juros.
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