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Não é de hoje que se comenta a atual agitação no tabuleiro geopolítico mundial.
Na Europa oriental, o conflito Ucrânia e Rússia se arrasta por anos e sem perspectiva de um “final feliz”; ao descermos para o Oriente Médio, o ataque terrorista do Hamas mobilizou Israel para uma guerra justa e impiedosa; e esses dois conflitos envolvem outros atores de destaque, como EUA, China e Irã, sem falar na tal OTAN, com ações que extrapolam as suas próprias expressões militares.
Ainda por aquelas bandas, o latente atrito China e Taiwan segue no radar dos mais atentos analistas, podendo (ou não) se agravar a qualquer momento.
Chegando na África, esse continente periférico às grandes decisões mundiais vive, há décadas, conflitos regionais que, por razões até históricas, não possuem data para terminar.
Mas a América do Sul representa um pedacinho de paz nesse imbróglio mundial; ledo engano.
Terminamos 2023 com um arroubo expansionista da Venezuela, desejando anexar uma larga área da Guiana, motivado por aspectos econômicos ligados ao petróleo e a outros inúmeros minerais, e também numa tentativa de sacudir o nacionalismo venezuelano no afã de potencializar a antiga ditadura capitaneada por seu atual presidente.
Por aqui, as nossas Forças Armadas (com destaque para o Exército) tiveram que alterar os seus planejamentos estratégicos, acelerando o aumento da presença de suas tropas no estado mais setentrional brasileiro. E parabéns pela capacidade de mobilização apresentada.
Junta-se a isso a crise de segurança no Equador, uma verdadeira guerra, relacionada ao tráfico de drogas, já que Colômbia, Peru e Bolívia precisam acessar o Pacífico para ações comerciais visando aos mercados americano, europeu e asiático; e para apimentar, vamos rebater essa crise para o Atlântico e se passa a observar a nossa região amazônica, que há anos vem sendo sistematicamente controlada (e dominada) pelo crime organizado, transformando aquela imensidão verde abandonada pelo nosso poder público numa verdadeira terra sem lei.
Para ratificar essa tumultuada conjuntura, tem se observado um significativo aumento, por parte desses “big players”, de seus gastos com Defesa e Segurança; a média mundial, acima dos 2,2% do PIB, só vem crescendo, enquanto a nossa nação tupiniquim ainda chora o seu percentual na casa de 1,1% de seu PIB (US$ 2,13 trilhões – nona economia do mundo); e não é por falta de aviso das nossas autoridades que almejam pelo menos chegar nos 2,0% anual. Defesa e Segurança não é coisa de militar, e sim de toda uma sociedade esclarecida e ciente de sua responsabilidade.
E onde entra o gigante indiano ?
Como integrante do BRICS, já na sua nova versão aumentada, a Índia vem se destacando efetiva e constantemente; da atual quinta economia do mundo (PIB de US$ 3,73 trilhões), logo chegará ao “top 3” nos próximos cinco anos, ao lado de EUA e China, e superando Alemanha e Japão.
Seu poder militar, sempre de olho na ameaça chinesa, se organiza e cresce sem restrições e sem tomar partido; como exemplo, seu poderio naval mostra um forte recado de que a Índia, já considerada uma inquestionável potência regional, passará a ter respaldo mundial em fóruns de destaque.
Na área da ciência e tecnologia, a Índia foi o quarto país a chegar na Lua (2023), feito que a coloca, ao lado de EUA, China e Rússia (e agora também o Japão – 2024), em um outro patamar.
Essas breves considerações estão muito longe de esgotar o assunto, até porque a melhor análise feita neste momento pode sofrer variações abruptas que nos levam a cenários os mais variados possíveis.
Assim, nos cabe acompanhar e torcer para que, dentro do nosso Brasil, as autoridades constituídas e devidamente responsáveis ajam com inteligência e principalmente sem paixões, e percebam as oportunidades que se descortinam no horizonte, algo que a Índia vem fazendo atualmente com total maestria...
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