Eleições na Argentina: Sergio Massa abusa da máquina pública para avançar ao 2º turno
- Núcleo de Notícias
- 23 de out. de 2023
- 3 min de leitura
Com 36,7% dos votos, o candidato da situação provou que dobrar a aposta no assistencialismo foi o suficiente superar o favorito Javier Milei

Qual o segredo do sucesso de um candidato a presidente que tinha contra si próprio um inimigo mortal de qualquer eleição?
Esta foi a pergunta feita pelos milhões de argentinos contrários à continuidade do kirchnerismo, ao saber que Sergio Massa - o representante do governo responsável pela inflação anual de 148% - não só seguiria para o segundo turno contra o antes favorito, Javier Milei, como havia chegado em 1º na corrida pela Casa Rosada, com cerca de 36,7% dos votos válidos.
Assim como Dilma Rousseff fizera em 2014 com uma economia brasileira à beira do abismo, o atual ministro da Economia do falido governo Alberto Fernández usou a mesma máquina pública para derrotar seus oponentes e convencer a população que a Argentina “corre sérios riscos” nas mãos de um sistema mais liberal, caso Milei vencesse na chamada “primera vuelta”.
Com os mais carentes e dependentes do estado inchado em mente, Massa optou por uma política à moda antiga. Evitou conferir informações indispensáveis, como cotações on-line diárias do peso e inflação, e focou em usar as ferramentas da gestão Fernández em uma verdadeira “blitz assistencialista”.
Quase 20 milhões de dependentes de assistências
Ao contrário de Javier Milei, que mirou o que resta da classe média descontente, Sergio Massa se dedicou às medidas populistas para agradar os 18,7 milhões (de um total de 43 milhões de argentinos) que recebem ajuda do estado para sobreviver. Entre eles, pensionistas, aposentados e beneficiários de bolsas assistenciais.
Nesse “pacotão de benesses”, o atual braço direito do presidente da Argentina fez o que no Brasil é considerado crime: em ano de eleição, tirou quase toda a população da cobrança de Imposto de Renda, promoveu cash back de 21% para quase todos os produtos dos supermercados, adiou o reajuste das contas de energia e muito mais.
Pior. Antes mesmo de começar sua campanha para o segundo turno das eleições, o candidato da extrema esquerda argentina já prepara sua munição para superar a “ameaça da direita” representada por Milei.
Assim como já havia conseguido o seu bilhão de dólares com apoio definitivo de Lula junto ao CAF (Banco de Fomento da América Latina), Sergio Massa se comprometeu com um câmbio fixo oficial de 350 pesos por US$ 1 até 15 de novembro. Para isso, o ministro terá de se desdobrar para convencer seus credores, como o FMI (Fundo Monetário Internacional)
Situação x Oposição os números do 1º turno

Agência Brasil/EBC
Com mais de 98% das urnas apuradas até às 9h (23/10), o atual ministro da Economia, Sergio Massa (Unión por la Patria), já contava com 36,7% do total de votos apurados - 6 pontos à frente do segundo colocado, Javier Milei (Libertad Avanza), que computava pouco mais de 30%. Segundo os números oficiais do Diretório Nacional Eleitoral, as posições restantes ficaram assim: 3º Patricia Bullrich (Juntos por el Cambio) - 23,8%; 4º Juan Schiaretti (Hacemos por Nuestro País) - 6,8% e Myrian Bregman (FIT - Unidad) - 2,7%
O segundo turno das eleições presidenciais da Argentina está marcado para 19 de novembro. O vencedor das urnas - ao contrário do Brasil - assumirá o cargo máximo do poder executivo ainda em 2023. A cerimônia de posse está marcada para 10 de dezembro, na Casa Rosada, em Buenos Aires.
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