Mundo está à beira de se tornar um ‘barril de pólvora’, alerta chefe da ONU

Divisões geopolíticas crescentes, guerras incessantes e ameaça nuclear lançam uma “sombra escura” sobre o planeta, adverte Antonio Guterres

Foto: Michael Sohn - Pool/Getty Images

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, fez um forte apelo por "soluções globais" para os desafios sem precedentes que o mundo enfrenta, durante seu discurso de abertura antes do Debate Geral da Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira.

Guterres destacou que as divisões geopolíticas estão se aprofundando, as temperaturas globais continuam a subir, guerras devastadoras parecem intermináveis e a crescente ameaça de armas nucleares está lançando “uma sombra escura” sobre o planeta.

“Estamos à beira do inimaginável – um barril de pólvora que pode engolir o mundo”, alertou o secretário-geral.

Ele ressaltou que a situação global atual é “insustentável”, mas que todos os desafios são solucionáveis, desde que a comunidade internacional se comprometa a garantir que os mecanismos de resolução de problemas internacionais realmente cumpram sua função.

Guterres também apontou três “grandes motores de insustentabilidade” que, segundo ele, devem ser enfrentados pelos líderes globais: impunidade, desigualdade e incerteza.

Em um “mundo de impunidade”, ele afirmou que violações e abusos ameaçam os fundamentos do direito internacional e da Carta da ONU. O secretário-geral lamentou que o nível atual de impunidade seja “indefensável e moralmente intolerável”, acrescentando que cada vez mais governos se sentem com o direito de ignorar leis internacionais e convenções de direitos humanos.

"Vemos essa era de impunidade em todos os lugares – no Oriente Médio, no coração da Europa, no Chifre da África e além", disse Guterres, citando o conflito na Ucrânia, a mais recente escalada de Israel no Líbano, o "pesadelo incessante" em Gaza e a luta brutal pelo poder no Sudão.

Ele ainda destacou que a desigualdade no mundo ameaça desestabilizar países e a incerteza quanto aos riscos globais não gerenciados “coloca nosso futuro em risco de maneiras imprevisíveis”.

Ao concluir, Guterres pediu à comunidade internacional que una forças para lidar com as transformações épicas em curso e que trabalhe em conjunto para “guiar o mundo em direção a um caminho mais sustentável.”