Moraes usou TSE para investigar Bolsonaro, aliados e jornalistas, aponta reportagem
- Instituto Democracia e Liberdade
- 13 de ago. de 2024
- 3 min de leitura
Publicação divulgada nesta terça-feira (13) é baseada em 6 GB de mensagens trocadas por assessores de Alexandre de Moraes

Menos de 24 horas após o ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF) deliberadamente multar em R$ 50 milhões e bloquear as redes sociais do senador Marcos Do Val (Podemos-ES), a Folha de S. Paulo divulgou provas de que Moraes usou recursos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), antes e durante as eleições de 2022, para investigar aliados do então presidente Jair Bolsonaro (PL), jornalistas e outros políticos de forma não oficial.
Segundo o jornal, os repórteres Fábio Serapião e Glenn Greenwald tiveram acesso a cerca de 6 terabytes de mensagens de WhatsApp trocadas entre o juiz instrutor Airton Vieira - o 01 de Alexandre de Moraes no Supremo - e o perito criminal Eduardo Tagliaferro, hoje afastado do judiciário por acusação de violência doméstica. Vieira, vale destacar, foi “sorteado” para conduzir a audiência de custódia do ex-deputado Daniel Silveira, que ainda cumpre pena.
O clima de constrangimento entre os servidores - que implica em assédio moral - é visível em diversas conversas obtidas no aplicativo. Entre elas: “Ele (Moraes) cismou. Quando ele cisma, é uma tragédia” e “Ele tá bravo agora”. Outras falas expressam dúvidas entre os funcionários públicos: "Esse vai pelo STF ou TSE?", questiona o perito na mensagem.
Jornalistas perseguidos
Algumas das conversas entre os então funcionários do gabinete de Alexandre de Moraes relatam o explícito "apetite" do ministro, ainda como presidente do TSE, pela punição de jornalistas residentes nos Estados Unidos.
Na mensagem apurada em 28 de dezembro de 2022, a quatro dias da posse de Lula - já quando o TSE não havia mais qualquer função - o juiz Airton Vieira questiona Tagliaferro se ele pode falar sobre um determinado caso:
“Posso sim, posso sim, é por acaso do Constantino?”.
Em seguida, os assessores do ministro debatem sobre relatórios exigidos por Alexandre de Moraes sobre publicações feitas pelos comentaristas Rodrigo Constantino e Paulo Figueiredo Filho, que acabariam sendo punidos com contas bancárias congeladas e passaportes brasileiros cassados.
Já em outra conversa ligada a Constantino, Aírton Vieira afirma que o próprio ministro Alexandre de Moraes “cismou” e se ofereceu para produzir um relatório que supostamente enquadraria Constantino por “crime de opinião” - acusação não prevista no Código Penal brasileiro.
A reação do legislativo
Após ter acesso à reportagem da Folha, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) publicou no X que irá solicitar ao jornalista Glenn Greewald o acesso a todo o conteúdo do WhatsApp para anexar aos autos de uma comissão parlamentar de inquérito já protocolada na Câmara.
“Diante da denúncia publicada pela Folha de S. Paulo de que o TSE foi utilizado extraoficialmente para investigar 'bolsonaristas', vou requerer ao jornalista @ggreenwald o acesso completo aos materiais citados, para que possamos utilizá-los na CPI já protocolada na Câmara sobre abuso de autoridade. Precisamos de uma investigação aprofundada dessas mensagens e dessas denúncias”, escreveu Nikolas Ferreira.
“Escândalo: finalmente revelado modus operandi de um criminoso esquema de perseguição política cruel, liderado pelo ditador Alexandre de Moraes. Glenn Greenwald tem 6gb de conversas comprometedoras entre assessores do Ministro”, registrou o deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) em seu perfil no X.
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