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Migração e Ciclos Eleitorais

Foto de capa: David Dibert/Pexels


No hemisfério norte, durante o inverno, é comum vermos a migração dos patos para o sul. Utilizando uma sofisticada capacidade de geolocalização, o bando segue com disciplinas e formações quase militares rumo a um destino mais quente. O inverno político-econômico que tem assolado os estados democratas tem estimulado outro tipo de migração: o do capital e empreendedores para estados com clima mais amenos para a iniciativa privada.


Tesla, IBM e grandes hedge funds, como o Citadel, já fizeram o movimento em direção ao Sul. Os destinos preferidos são Miami, Houston ou o estado do Arizona. Com isso, tais estados passam por um ciclo de expansão da atividade econômica que destoa da desaceleração dos estados do norte.


De acordo com o Bureau of Labor and Statistics, a Califórnia é um dos estados com maior taxa de desemprego dos Estados Unidos, com 5.3% dos trabalhadores incapazes de arrumar emprego. O número segue bem acima da taxa nacional (3.8%). Quando comparados aos estados do sul, a situação fica ainda pior. Os estados da Flórida e da Geórgia possuem taxas de desemprego de 3.2% e 3.1%, respectivamente.



Além da migração entre estados, a questão da fronteira promete ser um dos principais temas para os debates eleitorais deste ano. Depois do muito prometido (e criticado) muro de Donald Trump, o governo Biden permitiu um grande influxo de imigrantes ilegais através da fronteira com o México. Apesar de frequentemente debatido nos meios de comunicação, havia poucos dados oficiais que embasassem a discussão.


O Congress Budget Office (CBO), órgão do Congresso americano que auxilia no debate de políticas públicas, divulgou a revisão dos seus números de imigração recentemente. Segundo as estimativas, cerca de 2,5 milhões de imigrantes ilegais entraram nos Estados Unidos em 2023.



Tais números assustariam qualquer político em situações normais. Entretanto, após a espiral inflacionária desencadeada pela política fiscal ultra expansionista do governo Biden, através de transferências direta de renda e subsídios industriais, estes milhões de trabalhadores a mais foram bem-vindos pelos formuladores de política pública.


O presidente do Fed, Jerome Powell, corroborou tal argumento em discursos recentes, ao afirmar que o rápido aumento da oferta de trabalho ajudou a controlar o grau de pressão sobre salários. Uma vez que o aumento da oferta de trabalhadores, principalmente de baixa qualificação, impediu a formação de uma espiral de preços e salários e ajudou no controle da inflação. O gráfico abaixo ilustra a inflação de salários de acordo com o grau de escolaridade. Durante a pandemia e, pela primeira vez na série histórica, os salários dos trabalhadores menos qualificados lideraram a corrida de reajustes.


Fonte: Atlanta Fed


Porém, o debate político certamente será focado nos impactos de longo-prazo dessa imigração em massa que foi autorizada tacitamente pelo governo Biden. Estes imigrantes conseguirão se adaptar à cultura americana? Existem criminosos e terroristas que conseguiram atravessar a fronteira, como aconteceu na Europa? No próximo ciclo de desaceleração econômica, quem irá arcar com os custos da rede de proteção a esses trabalhadores ilegais? Tais perguntas, certamente, não ajudarão o candidato democrata.


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