Na frente das pesquisas, o candidato da direita perdeu a chance de derrubar o candidato da situação no último debate presidencial
Javier Milei e Sergio Massa - Agência Brasil/EBC
No próximo domingo, 19 de novembro, os argentinos terão de cumprir uma missão que tem potencial de não apenas influenciar o futuro de seu combalido país, mas de toda a América do Sul.
Com abstenção de quase 22% - pior resultado desde 1983 - as eleições gerais da Argentina tiveram como vencedor da primeira volta o candidato peronista Sergio Massa (Unión por La Patria), com 36,68%, que conseguiu, literalmente, apavorar o eleitorado com a hipótese de que seu adversário na reta final, o liberal Javier Milei (La Libertad Avanza), deixaria desamparados os dependentes de auxílios assistenciais.
Em primeira instância, a estratégia do atual ministro da economia da Argentina deu certo. Para superar em números o antes favorito representante da direita, Massa contou com “apoios externos”, como os mesmos marqueteiros responsáveis por convencer que Lula era inocente nas eleições de 2022.
A menos de uma semana da escolha entre a continuidade da crise e a oportunidade de renovação, as pesquisas apontam para uma ligeira vantagem para Javier Milei. Realizado entre 2 e 4 de novembro com 2.471 eleitores, o levantamento da CB Consultoria mostrou Milei com 51,8% das intenções de voto contra 48,2% de Massa.
O número, embora coloque a direita à frente, não deixa de ser desanimador para a oposição. Isso porque a candidata de centro-direita, Patricia Bullrich, obteve aproximadamente 24% dos votos válidos em 22/10 e - segundo a pesquisa - não deverá transferi-los a Milei no próximo domingo (19).
Massa x Milei: falta de combustíveis não parece afetar eleições
Além de usar a seu favor a máquina governamental, o ministro e candidato, Sergio Massa, parece não ter sido afetado como deveria pela gravíssima crise de falta de combustíveis que tomou conta da Argentina nas últimas semanas.
Por coincidência, o desabastecimento começou a tomar conta dos postos de gasolina do país vizinho no dia de eleição, demonstrada pelas filas quilométricas de carros com tanque vazio. O grande “vilão” da escassez foi, sem dúvida, o dólar.
Sem reservas cambiais, o Banco Central da Argentina se viu de mãos atadas para quitar compromissos com refinarias, além de pagar a conta do controle de preços - uma arma populista usada por Massa para tentar segurar (sem sucesso) o avanço da inflação de quase 140% ao ano.
Último debate: imprensa argentina critica Javier Milei
Neste domingo (12), Javier Milei e Sergio Massa voltaram a ficar frente a frente no último debate eleitoral antes de os argentinos decidirem nas urnas seus próximos quatro anos.
Um dos principais jornais da Argentina, o El Clárin, criticou a falta de agressividade de Milei contra seu adversário governista. Para a imprensa local, temas como inflação, miséria, além de recentes escândalos envolvendo o governo do presidente Alberto Fernández, deixaram de ser abordados.
Por sua vez, Massa não desperdiçou a oportunidade de causar pânico nos eleitores que sofrem com a miséria. Durante as duas horas de debate, o ministro da economia fez questão de apontar o dedo para Javier Milei, o acusando de eliminar benefícios e de privatizar estatais: a principal arma da esquerda para se perpetuar no poder.
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