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Lula volta a criticar privatizações e questiona benefícios para a sociedade

Presidente reforça seu posicionamento contrário às vendas de estatais, enquanto economistas defendem que as privatizações trouxeram eficiência e competitividade


Foto: Pablo PORCIUNCULA / AFP


Durante a inauguração do Complexo de Energias Boaventura, antigo Comperj, nesta sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou sua oposição às privatizações realizadas em governos anteriores, levantando dúvidas sobre os benefícios dessas medidas para a população. Segundo o presidente, a venda de estatais como a BR Distribuidora (hoje Vibra Energia), a Vale e a Eletrobras não resultou em melhorias concretas para o povo brasileiro. "A venda da BR Distribuidora melhorou em que para a sociedade? Barateou o combustível? Tiraram um pedaço da Petrobras!", criticou Lula.


O petista também afirmou que a venda de grandes empresas públicas enfraquece setores estratégicos, como o energético, o que, segundo ele, pode prejudicar a soberania e o desenvolvimento do país. Lula questionou se a privatização da Vale realmente melhorou a empresa ou se ela seria mais benéfica enquanto estatal. A Eletrobras, que também foi mencionada, foi alvo de críticas por seus altos salários executivos após a privatização, com o presidente da companhia recebendo R$ 360 mil mensais, valor muito acima dos R$ 60 mil pagos quando a empresa ainda era estatal.


No entanto, defensores das privatizações afirmam que essas medidas trouxeram maior eficiência e competitividade ao mercado. Economistas argumentam que as estatais, quando mantidas sob controle do governo, muitas vezes são geridas de maneira ineficiente, com altos custos operacionais e falta de competitividade. No caso da Eletrobras, por exemplo, a privatização permitiu a modernização de sua estrutura de gestão, tornando-a mais ágil e focada em resultados. A empresa, agora, tem mais capacidade de investir em novas tecnologias e expandir sua atuação no setor de energia, o que pode, a longo prazo, beneficiar o consumidor com melhores serviços.


Sobre a BR Distribuidora, os críticos da visão de Lula apontam que, ao ser privatizada, a empresa se tornou mais competitiva, sendo capaz de enfrentar outros gigantes do setor de combustíveis, o que, eventualmente, poderá refletir em melhores preços para os consumidores. Além disso, afirmam que a venda de estatais ajuda a reduzir o peso das dívidas públicas, permitindo que o governo direcione recursos para áreas essenciais, como educação e saúde, em vez de subsidiar empresas que podem ser mais eficientes sob gestão privada.


Lula também criticou a paralisação das obras do antigo Comperj, que teve sua pedra fundamental lançada em 2006 e cuja construção, que começou em 2008, levou 16 anos para ser concluída. O presidente lamentou que o projeto, inicialmente concebido como um grande polo petroquímico, tenha sido interrompido, dizendo que o "sonho foi jogado no lixo". Ele destacou que o país precisa se concentrar em agregar valor às suas commodities, ao invés de apenas exportar matéria-prima. Para ele, o Brasil deveria investir em refino e outras atividades que agreguem valor, gerando mais empregos e fortalecendo a indústria nacional.


Contudo, especialistas em economia defendem que a paralisação de grandes obras como o Comperj não é resultado direto das privatizações, mas de problemas internos nas próprias gestões estatais e da falta de eficiência em projetos grandiosos. O Comperj, além de ter sido um dos maiores escândalos da Lava Jato, foi marcado por superfaturamento, corrupção e má administração. Críticos destacam que a gestão estatal frequentemente enfrenta desafios maiores de controle de gastos e que, em muitos casos, a privatização pode ser uma solução para garantir o bom uso dos recursos públicos e o desenvolvimento de projetos de forma mais eficiente.


Ao final de seu discurso, Lula também fez uma crítica direta às investigações da Operação Lava Jato, que, segundo ele, prejudicaram muitas pessoas honestas na Petrobras. Ele afirmou que a inauguração do Complexo de Energias Boaventura representava uma reparação ao que considerou injustiças cometidas durante o processo. "Quem roubou não foi o trabalhador, foi algum corrupto", destacou o presidente, referindo-se aos desvios de verbas ocorridos na estatal. A Lava Jato, embora tenha sido alvo de críticas por sua condução, é vista por muitos como um marco no combate à corrupção no Brasil, revelando esquemas profundos que drenaram bilhões de reais de cofres públicos.

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