Plano do governo petista também apela para a fome na África e deve ser apresentado em novembro à cúpula do G20
O “canto da sereia” que embala o antigo desejo de “tributar os super-ricos” tem sido usado como plataforma de campanha do governo Lula às vésperas de sediar a cúpula do G20, em 18 de novembro deste ano, no Rio Janeiro.
Nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) resgatou um dos antigos bordões da esquerda: usar os impostos para “combater a fome na África”.
"Se os 3.000 bilionários do planeta pagassem 2% de impostos sobre o rendimento das suas fortunas, poderíamos gerar recursos suficientes para alimentar as 340 milhões de pessoas que, segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) enfrentam insegurança alimentar severa na África", ponderou.
Para convencer os demais integrantes do bloco - incluindo o mais rico e resistente de todos, os Estados Unidos - o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem buscado apoio em um de seus principais aliados: o economista Gabriel Zucman, diretor do Observatório Fiscal da União Europeia - bloco que mais aplica medidas protecionistas, inclusive contra o próprio Brasil.
O francês elabora neste exato momento o relatório que será apresentado às principais economias do mundo, que traz em seu bojo a premissa de que os bilionários devem pagar um imposto mínimo.
Além do combate à fome na África, a bola da vez é a “tragédia climática no Rio Grande do Sul”. Zucman afirma que, somente agora com esse novo imposto, o mundo poderá combater os efeitos das mudanças no clima.
“Olhe para a tragédia terrível no Rio Grande do Sul, a maior tragédia relacionada ao clima na América Latina”, apontou Zucman. “Eu acho que ela coloca ênfase sobre as necessidades enormes que temos coletivamente, em termos dos recursos necessários para lutar contra as mudanças do clima. Está ainda mais claro que não conseguiremos obter esses recursos se não o fizermos de forma justa”, declarou.
Apesar de os Estados Unidos já terem se posicionado inúmeras vezes contrário à criação da tributação, Gabriel Zucman cita como exemplo o programa fiscal de Joe Biden para colocar os bilionários na lista de pagadores.
“(o orçamento de Biden dá) a ideia de que cada ano os bilionários deveriam pagar uma quantidade mínima de imposto. Alguns deles pagam zero, literalmente. O imposto de renda para bilionários do Biden, no seu espírito, afirma que isso não é aceitável. Assim como bombeiros e professores, bilionários deveriam pagar impostos todos os anos”, refletiu.
Nota do Rumo Econômico
A tese do economista francês, embora seja factual, omite que esses mesmos bilionários na mira do G20 geram centenas de milhares - senão milhões - de empregos, e certamente não abrirão mão de buscar compensações, caso sejam tributados ao gosto de Haddad e cia. Outra questão fundamental de ordem prática, é que por essa proposta, se dará a consolidação literal de um governo global, violando a soberania dos países e a autonomia de seus povos.
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