Com um discurso distante da realidade, Lula disparou contra Campos Neto, o comparando ao juiz que o condenou por corrupção e lavagem de dinheiro
Na Segunda Guerra Mundial, o 7 de dezembro de 1941 ficou marcado como o Dia da Infâmia, quando um ataque-surpresa conduzido pelo Japão arrasou a base americana de Pearl Harbor, no Havaí.
O evento já foi abordado inúmeras vezes de forma exagerada, inclusive pela ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, ao comparar o ataque aéreo ao vandalismo do 8 de Janeiro.
Guardadas suas devidas proporções, a entrevista concedida em tom desequilibrado pelo ocupante do Palácio do Planalto à CBN pode até nem chegar perto do bombardeio japonês. Contudo, algumas das declarações proferidas por Luiz Inácio Lula da Silva vieram carregadas de infâmia e de prognósticos sombrios para o futuro do Brasil, incluindo defesa a presidiários, justificativa para abortos e ataques ao presidente do Banco Central.
Após devastar a política monetária cautelosa de Roberto Campos Neto para segurar o avanço da inflação, Lula deu pistas de como seria o seu escolhido para ocupar o cargo à frente do BC a partir do fim de 2024, quando termina o mandato do atual presidente da instituição.
Sem apresentar nenhuma teoria econômica, o petista foi claro ao afirmar que o sucessor de seu desafeto não poderá mais elevar a Selic, nem que a pressão exercida pela alta dos preços - como tem ocorrido, principalmente com os alimentos - justifique tal medida.
“Então veja, eu trato com muita seriedade. Eu vou escolher um presidente do Banco Central que seja uma pessoa que tenha compromisso com o desenvolvimento desse País, com o controle da inflação, mas que também tenha na cabeça que não é só no controle da inflação que tem de pensar. Nós temos que pensar também no crescimento. Porque é o crescimento econômico e o crescimento da massa salarial que vão permitir que a gente possa controlar a inflação com tranquilidade”., afirmou Lula, sem considerar o fluxo natural do mercado.
Campos Neto e Sergio Moro no mesmo barco
Assim como fez com o ex-juiz federal Sergio Moro - seu maior desafeto antes da chegada de Jair Bolsonaro - o presidente da república acusou Roberto Campos Neto de ser um “paladino da justiça”, comparando as medidas técnicas do economista às decisões de Moro baseadas em provas sobradas sobre seu envolvimento em corrupção.
Dito isso, o mesmo chefe de estado que indicou e emplacou seu advogado particular, Cristiano Zanin, para o Supremo Tribunal Federal, fez ilações sobre Campos Neto atuar com más intenções, atrás de um suposto cargo político no governo de São Paulo.
“Sabe, então, quando ele (Roberto Campos Neto) se auto lança para um cargo, eu fico me perguntando: nós vamos repetir o Moro? O presidente do Banco Central está disposto a fazer o mesmo papel que o Moro fez? O paladino da justiça com o rabo preso a compromissos políticos?”, especulou Lula, como se disparasse até atingir por tabela o governador Tarcísio de Freitas, que teria convidado o atual presidente do BC - seu amigo de longa data - para um cargo na gestão pública após o término de sua gestão.
Os novos ataques a Moro não ficaram sem resposta. Em postagem na rede X, o atual senador pelo União Brasil comparou as frases de Lula a uma cortina de fumaça, usada para gerar repercussão e encobrir as derrocadas de sua administração.
“O governo está derretendo, o dólar está subindo, as expectativas econômicas estão se deteriorando. Não existe outro assunto na política que não 2026, a demonstrar o fracasso deste governo. E o presidente Lula busca bodes expiatórios, tentando atribuir más intenções a gestão do Banco Central pelo Roberto Campos Neto”, contra-atacou Moro.
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