Com dados "turbinados" extraídos de um relatório "secreto" da ONU, governo tenta emplacar o "Fome Zero global"
“A fome tem um rosto de mulher e voz de uma criança”. Foi com essa comparação ininteligível que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) praticamente requentou o Fome Zero - programa social de combate à fome lançado por seu primeiro governo em 2003.
Com expressão triste e voz embargada, Lula leu uma série de números supostamente apurados pela ONU que justificariam a proposta brasileira de - adivinhe - nova taxação aos “super ricos”, oferecida aos países do G20.
A intenção do Brasil seria a de criar uma espécie de “fundo global” para reduzir o problema da miséria no mundo, amparada por um novo tributo.
Relatório “secreto” da ONU
Quase de forma simultânea, o (até então, desaparecido) ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, da Família e do Combate à Fome, Wellington Dias, aproveitou a deixa para fazer propaganda do governo Lula. Segundo Dias, foi só Jair Bolsonaro do Palácio do Planalto que a fome praticamente sumiu do Brasil.
Sem esclarecer qual relatório da Organização das Nações Unidas teria ratificado tal transformação, o ministro afirmou que os casos de insegurança alimentar despencaram entre 2022 e 2023, passando de 17,2 milhões para 2,5 milhões
“Os dados das Nações Unidas vieram mostrar que estamos no caminho certo. Só em um ano de governo atual, reduzimos em 85% a insegurança alimentar grave, tirando 14,7 milhões de brasileiros dessa condição”, garantiu Dias.
Ao ser contatada, a Organização da ONU para Alimentação e Agricultura (FAO) disse que o relatório citado pelo governo existe, mas que “não seria divulgado à imprensa” de forma separada.
“O ministro Wellington Dias relatou que a insegurança alimentar grave no Brasil caiu 85%, de 8% em 2022 para 1,2% em 2023. A afirmação está correta e é baseada em estimativas anuais que a FAO não publica, mas compartilhou com o Governo do Brasil”, declarou a assessoria da FAO.
Por sua vez, o Ministério do Combate à Fome afirmou que não divulgará os dados ao público de forma separada.
“Os dados extraídos do Relatório da ONU sobre Insegurança Alimentar Mundial (SOFI 2024) não serão publicados em separado. A FAO, excepcionalmente, informou os números individualizados de 2023 ao governo brasileiro”, reiterou.
Banco Mundial "desmente" ONU
Na contramão do que disse a FAO, entretanto, dois relatórios do Banco Mundial destacaram o sucesso do Brasil no combate à miséria no período da crise sanitária da covid-19.
Conforme apurou a instituição, entre 2019 e 2020, o número de pessoas na linha de pobreza caiu de 11,37 milhões para 4,14 milhões no Brasil.
Já no início de 2023, o Relatório Econômico da América Latina e Caribe destacou que o Brasil teve uma recuperação melhor do que outros países da América Latina na redução da pobreza no decorrer de 2022, aumentando a dimensão da classe média brasileira em 2,1 pontos percentuais.
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