Programa ao vivo do Instituto Democracia e Liberdade no YouTube abordará o perigo da expansão Chinesa - amanhã (27), às 10h
Os recentes acordos firmados entre o governo brasileiro e a China, envolvendo 37 iniciativas em áreas estratégicas, representam um avanço preocupante da influência chinesa sobre o Brasil. Durante a visita do presidente Xi Jinping, foram celebradas parcerias que vão desde a ampliação do mercado para produtos agrícolas brasileiros até compromissos vinculados ao controverso Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Apesar do discurso oficial de cooperação, esses acordos refletem um desequilíbrio que coloca em risco a soberania econômica e política brasileira.
Entre os destaques, a China anunciou maior abertura para produtos como uvas, sorgo, gergelim e café, com um potencial estimado de negócios de até US$500 milhões anuais. Porém, essa aparente vantagem esconde uma relação em que o Brasil segue exportando commodities enquanto importa produtos de maior valor agregado. Em 2023, as exportações brasileiras à China atingiram US$104,3 bilhões, superando o total combinado das exportações aos EUA e à União Europeia. Já as importações de produtos chineses, como têxteis e florestais, alcançaram US$1,18 bilhão.
Além disso, o Brasil comprometeu-se a atrelar projetos de infraestrutura do PAC a investimentos chineses, abrindo espaço para uma dependência ainda maior do capital asiático. O modelo já demonstrou ser problemático em outras regiões, como na América Latina, onde a China tem expandido sua presença econômica por meio de iniciativas como o megaprojeto portuário em Chancay, no Peru, financiado pela estatal Cosco Shipping, com investimentos de US$3,4 bilhões.
Embora o Brasil esteja em busca de maior participação em cadeias de produção chinesas, essa inserção é improvável devido aos altos custos de produção locais e à competitividade limitada em setores estratégicos. A retórica de cooperação tecnológica e estímulo a pequenas empresas também deve ser vista com cautela, já que, em muitos casos, serve para disfarçar a agenda de expansão de influência chinesa.
No cenário político, a dependência crescente da China pode enfraquecer o posicionamento estratégico brasileiro frente a outras potências, como os Estados Unidos. A volta de Donald Trump à presidência americana, com políticas protecionistas mais rígidas, poderia intensificar a busca chinesa por aliados na América Latina, aprofundando ainda mais o desequilíbrio nas relações sino-brasileiras.
Ao abraçar uma relação tão assimétrica, o Brasil corre o risco de comprometer sua autonomia em troca de ganhos de curto prazo. A China, que já domina setores estratégicos do comércio internacional, utiliza esses acordos para expandir sua influência geopolítica, transformando países parceiros em peças de um jogo que atende, prioritariamente, aos interesses de Pequim.
Não perca o IDL em Foco de amanhã (27), às 10h.
Link da transmissão: https://youtube.com/live/g76Jp49vgSg?feature=share
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