Em audiência pública no Congresso, Simone Tebet expõe gastos com pessoal e diz que “algo excepcional” poderá furar meta
Horas após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmar que o governo contava com as diretrizes suficientes para zerar seu déficit primário em 2024, a ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), aparentava não ter a mesma segurança de seu colega governista.
Em audiência na Comissão Mista de Orçamento do Congresso para discutir a Lei de Diretrizes Orçamentárias, Tebet disse que o governo Lula estava preparado para atingir a meta, “a não ser que algo excepcional aconteça”. Além de sugerir que a máquina pública poderá ficar mais inchada até 2024, a ministra deixou escapar alguns motivos de o orçamento, continuamente, necessitar de mais recursos. Pelos cálculos da pasta, serão necessários R$ 168 bilhões extras para deixar as contas no azul.
“A ministra Esther (Gestão e Inovação em Serviços Públicos) não tinha para onde ir num orçamento preliminarmente engessado”, apontou Tebet na audiência, destacando que a pasta dirigida por Esther Zweck contará com 2% a mais de verbas para contratação de funcionários públicos - uma marca registrada das gestões petistas.
Em julho, já havia a confirmação de que o governo Lula iria abrir concurso para contratar mais de 8 mil servidores. Com a ampliação dos gastos nesse setor, o Ministério do Planejamento separou R$ 14 bilhões de reais para o pagamento de pessoal em 2024.
Ainda sobre os “gastos inesperados” mencionados por Simone Tebet, a ministra poderá eventualmente refazer suas contas sobre o déficit primário por motivos concretos. Nesta terça-feira (29), Lula adiantou a criação de seu 38ª ministério, estrategicamente criado para aumentar sua base no Congresso com votos do Centrão.
Outra aposta do governo Lula citada por Simone Tebet na audiência é a previsão de ganhos com a aprovação do voto de qualidade do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) - órgão da Receita Federal que julga cobranças e multas do Fisco. Na análise da Fazenda e do Planejamento, a medida endossada pelo Congresso geraria mais R$ 54 bi para a União. Os analistas, entretanto, não apostam em tal quantia - mas em algo bem mais modesto, em torno de R$ 11 bilhões.
CRÉDITOS (Foto): Lula Marques/ Agência Brasil
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