Governo Lula admite potencial colapso fiscal em 2027, mas evita cortar privilégios
- Núcleo de Notícias
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Equipe econômica alerta para rombo iminente nas contas públicas, mas exclui reformas estruturais e ignora privilégios enquanto dívida com precatórios cresce

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reconheceu oficialmente nesta semana que o Brasil pode enfrentar um colapso fiscal a partir de 2027, caso não sejam adotadas medidas urgentes para conter os gastos públicos. O alerta consta no projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2026, apresentado pela equipe econômica, e revela um cenário de deterioração progressiva das contas públicas, com risco de inviabilização do funcionamento do Estado já no início do próximo mandato presidencial.
De acordo com o documento, o espaço orçamentário para despesas discricionárias — aquelas que garantem o funcionamento básico da máquina pública e os investimentos — tende a desaparecer nos próximos anos. Em 2026, esse espaço será de R$ 208,3 bilhões. Em 2027, despenca para R$ 122,2 bilhões, número que o próprio governo considera insuficiente para manter os serviços essenciais. Em 2029, restariam apenas R$ 8,9 bilhões, o que representaria, na prática, a paralisia quase total do Estado.
O principal fator de pressão sobre as contas é o aumento dos precatórios — dívidas judiciais que a União é obrigada a pagar — que voltarão a entrar integralmente no teto de gastos a partir de 2027. A previsão é que os valores subam de R$ 115 bilhões em 2026 para R$ 144 bilhões em 2029. Ainda assim, o governo Lula optou por deixar os precatórios de fora da revisão de despesas prevista na LDO, limitando a análise a programas como o Proagro, os benefícios previdenciários e o BPC, concentrando-se apenas na atualização de cadastros, e não em reformas estruturais.
O secretário de Orçamento, Clayton Luiz Montes, admitiu que o governo ainda não sabe como lidar com o problema e que novas medidas precisam ser debatidas até a elaboração do orçamento de 2027, previsto para ser enviado ao Congresso em agosto. A secretária adjunta do Tesouro, Viviane Veiga, disse que a situação “está sob controle”, apesar de reconhecer que os valores são elevados e preocupantes.
A estratégia do governo é clara: adiar decisões impopulares para depois das eleições de 2026, mantendo intocados os gastos com privilégios, a folha inchada da máquina pública e a ausência de uma reforma administrativa séria. Ao mesmo tempo, evita enfrentar a bomba-relógio dos precatórios, que pode estourar nas mãos do próximo presidente da República.
Economistas alertam que o quadro fiscal brasileiro caminha para a insolvência, resultado de uma combinação entre aumento desenfreado de despesas obrigatórias, falta de reformas estruturais e a continuidade de políticas públicas voltadas para a ampliação do Estado, e não para sua eficiência. A retórica do equilíbrio fiscal do atual governo, defendida em discursos, entra em contradição com os próprios números apresentados.
Se nenhuma ação contundente for tomada nos próximos dois anos, o Brasil corre o risco de viver um cenário fiscal semelhante ao de países que entraram em colapso por irresponsabilidade com as contas públicas. O tempo para agir está se esgotando, mas o governo federal segue preferindo o adiamento estratégico à responsabilidade orçamentária.
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