Decisão pode sinalizar início de flexibilização monetária após três anos de combate à inflação
O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, está prestes a cortar suas taxas de juros pela primeira vez desde 2020, em um movimento que poderá marcar o fim de um ciclo de política monetária restritiva, adotado para combater a alta inflação que o país enfrentou nos últimos anos. A decisão deverá ser anunciada após a reunião de política monetária, que ocorrerá ao longo desta semana.
O corte nas taxas representaria o início de uma fase de flexibilização econômica, após o período prolongado de aumento dos custos de crédito que desacelerou o consumo e o investimento. Durante a pandemia, o Fed elevou as taxas para tentar controlar a escalada dos preços, mas agora a expectativa é de uma reversão nesse cenário.
De acordo com Nancy Vanden Houten, economista da Oxford Economics, "a tão esperada redução das taxas do Fed finalmente chegará" nesta quarta-feira (18), após dois dias de discussões em Washington. O presidente do Fed, Jerome Powell, já havia indicado em declarações anteriores que "chegou o momento" de iniciar o corte nas taxas de juros, o que vem sendo amplamente aguardado por economistas e investidores.
Atualmente, as taxas de juros de referência nos Estados Unidos estão no intervalo de 5,25% a 5,50%, o maior nível em duas décadas. Analistas de mercado estão divididos sobre o tamanho da redução, com uma ligeira maioria esperando um corte de 0,25 ponto percentual, enquanto outros preveem uma queda mais agressiva de 0,5 ponto percentual.
Nancy Vanden Houten observa que o mercado de trabalho norte-americano está "esfriando sem colapsar", e o consumidor segue resiliente, fatores que podem influenciar na decisão do Fed. "A inflação está se moderando, mas ainda é cedo para dizer que a missão está cumprida", acrescenta a economista, lembrando que o Fed está atento tanto à inflação quanto ao mercado de trabalho.
De fato, a inflação nos Estados Unidos tem mostrado sinais de arrefecimento. O índice PCE, o mais acompanhado pelo banco central, permaneceu em 2,5% nos 12 meses até julho, enquanto o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) caiu para 2,5% em agosto, o nível mais baixo desde fevereiro de 2021. No entanto, a inflação subjacente, que exclui itens voláteis como energia e alimentos, ainda apresenta variações mensais, indicando que o Fed pode ter que agir com cautela.
Apesar disso, o governo Biden tem buscado capitalizar o avanço no controle da inflação, afirmando que o país está "virando a página" desse problema. Em pleno ano eleitoral, a narrativa de recuperação econômica ganha relevância, embora muitos analistas ainda vejam desafios no horizonte.
O próximo movimento do Fed será decisivo não apenas para os mercados financeiros, mas também para o cenário político e econômico dos EUA, que continua lidando com os efeitos do longo período de taxas de juros elevadas.
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