Explosão nas fraudes via Pix preocupa setor financeiro e pressiona Banco Central por mudanças mais rígidas
- Núcleo de Notícias
- 12 de abr.
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Mais de 390 mil casos mensais em 2024 expõem falhas no sistema

O volume de fraudes registradas no sistema Pix disparou em 2024, atingindo uma média superior a 390 mil notificações por mês, segundo dados do Banco Central obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação. Somente em janeiro de 2025, foram computadas 324.752 notificações aceitas pelas instituições participantes do sistema, com base em suspeitas fundamentadas de golpes e estelionatos.
Desde que o Pix foi implementado, os números vêm crescendo de forma acelerada. Em 2021, o primeiro ano completo de funcionamento, foram registradas em média 30.892 fraudes por mês. Esse número saltou para 136.882 em 2022 e para 216.046 em 2023. A tendência de alta acompanha a popularização do sistema, que já acumula bilhões de transações mensais — em janeiro, por exemplo, foram mais de 5,6 bilhões de operações.
O Banco Central considera como fraude as transações iniciadas ou autorizadas sob coerção, sem o conhecimento do usuário, por meio de estelionato ou mediante uso indevido de dispositivos. Apenas os casos “fechados” — isto é, analisados e validados — entram nos dados oficiais.
Diante do aumento alarmante, o BC tem tentado reforçar as defesas do sistema. Está previsto para outubro o lançamento do autoatendimento no Mecanismo Especial de Devolução (MED), permitindo que usuários solicitem a devolução de recursos diretamente, sem depender do atendimento bancário. Desde 2021, outras medidas foram adotadas, como o limite noturno para transferências, tempo mínimo para aumento de limite e o cadastramento prévio de contas de destino.
Em paralelo, houve uma fiscalização rigorosa sobre a abertura de contas digitais em 2022, após a constatação do uso de contas-laranja para escoamento de recursos ilícitos. Isso levou à criação de um sistema de compartilhamento de dados entre instituições, ampliando o controle para além do Pix.
Mais recentemente, novas limitações foram impostas: transações em dispositivos não cadastrados estão restritas a R$ 200 por operação, com um limite diário de R$ 1.000. Em dispositivos previamente cadastrados, os tetos são mais altos, conforme a política de cada banco.
Ainda assim, o setor financeiro argumenta que essas ações não bastam. Executivos e representantes das grandes instituições defendem punições mais severas: banimento por cinco anos de usuários que emprestam contas para atividades criminosas (com exceção de contas usadas para salários e benefícios sociais) e responsabilização direta dos dirigentes de bancos que apresentem índices elevados de fraudes.
Na avaliação desses líderes, o temor de punições pessoais poderia impulsionar um aperfeiçoamento mais vigoroso das ferramentas de proteção internas, atualmente deixadas a cargo das próprias instituições. O Banco Central, por sua vez, não se manifestou oficialmente sobre os dados revelados.
O avanço das fraudes no Pix evidencia os desafios de manter a segurança em um sistema de pagamentos em rápida expansão, exigindo respostas mais eficazes tanto dos reguladores quanto dos operadores privados.
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