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Foto do escritorCarlos Dias

Euro com os dias contados entrega ao BCE uma bomba-relógio

Impasse do Banco Central Europeu pode estourar como grande crise global

Desde seu início em 2002 como meio de pagamento oficial da União Europeia, o euro desperta imensas insatisfações e desconfianças por parte dos países integrantes do bloco econômico, e já esteve em 2012 em sério risco de extinção não fosse o incisivo anúncio do então presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, declarando que a moeda única seria defendida de todas as formas necessárias.


Entretanto, hoje, o euro encontra-se novamente em sérios apuros, e as perspectivas de resolução para a crise não são as mais promissoras. O grande problema é que tanto o BCE quanto bancos centrais de inúmeros países membros do bloco europeu imprimiram dinheiro a valer, chegando em seu auge a colocar em circulação 8,828 trilhões de euros em títulos públicos, no intuito de gerar mais margem de manobra financeira para os governos.


Porém, esse jogo tem um alto preço e uma das consequências diretas é o aumento exacerbado da inflação. Em resposta, os bancos centrais e o próprio BCE encerraram a compra de títulos fazendo o total do balanço descer novamente, tendo em vista que os títulos que iam vencendo não foram repostos por novos. Em contrapartida, a elevação das taxas de juros adotada para o combate da inflação fez subir os rendimentos dos títulos públicos enquanto fazia com que seu valor caísse, fazendo as perdas de mercado alcançarem apenas no ano passado cerca de 700 bilhões de euros.


Esse valor é seis vezes maior do que o valor depositado como fundos no próprio Eurosistema. Caso os juros continuem altos e os rendimentos elevados os países da zona do euro precisarão realizar pagamentos adicionais para evitar o colapso da moeda. Todavia, há outro fator complicador ainda mais grave. Será necessário aos membros do bloco decidirem pagar novos bilhões para sustentar a viabilidade da moeda, principalmente tendo em vista que diversos países integrantes da UE acumularam uma dívida de 1,0687 bilhão de euros com o BC da Alemanha, sendo ela a sustentadora e menos interessada em manter viva a moeda comum.


Fato é que até o momento, o BCE burlou a falência do Eurosistema registrando no balanço patrimonial não o valor de mercado atual dos títulos comprados para incentivo da inflação, mas sim, o valor inicial de compra, que é inúmeras vezes maior. Caso o BCE decida de fato combater a inflação neste momento, precisará não apenas elevar as taxas de juros, mas também vender os títulos anteriormente adquiridos, porém, com seu valor atual de mercado, e fazer isso geraria um efeito desastroso com inevitável contaminação generalizada.


CRÉDITOS (Imagem): Ingram Pinn

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