Empresas como a JBS - que investiram pesado para ampliar exportações para a China - comemoram a alta do dólar
Não é possível afirmar ainda que as declarações de Lula que indicam intervenção na política de juros do Banco Central sejam propositais. O que se sabe, entretanto, é que os ataques do presidente contra a política monetária de Roberto Campos Neto têm ajudado diariamente o dólar a atingir valores recordes frente ao real.
A mais recente (até a manhã desta terça-feira, 2), foi uma reclamação sobre a manutenção do presidente do BC no cargo, apesar da saída de Jair Bolsonaro. Contrariado, Lula disse que desejaria ter o poder de demiti-lo, assim como qualquer um que o eventualmente desagrade.
"Como pode o presidente da República ganhar as eleições e, depois, ele não poder indicar o presidente do Banco Central? Estou há dois anos com o presidente do BC do Bolsonaro. Não é correto isso. O correto é que entre o presidente da República e indique o presidente do BC. Se não der certo, ele tira", lamentou o petista.
O resultado imediato foi visto com a disparada da moeda norte-americana, que chegou a R$ 5,65 - mesmo patamar de 2022 - último ano de pandemia.
Efeitos do dólar alto na economia
Embora não estejam mais atrelados à variação de preços do mercado internacional desde maio de 2023, os combustíveis não devem levar muito tempo para sofrerem com a disparada do dólar.
A primeira “vítima” foi a querosene de aviação, com reajuste de 3,2% confirmado pela Petrobras. O preço do combustível será refletido em breve nas passagens aéreas, pressionado pela alta do petróleo e da moeda norte-americana.
Os analistas de mercado apostam que os próximos a entrarem na fila de aumentos será a gasolina e o óleo diesel, em razão da defasagem acumulada com os preços internacionais de R$ 0,58 e R$ 0,60 por litro, respectivamente. Caso o diesel volte a subir, é esperado que o custo dos fretes também aumente, se refletindo no preço dos alimentos, que já amargam inflação pesada desde 2023.
Vantagens e desvantagens do dólar mais alto
Em meio à escalada da moeda norte-americana, um dos setores que mais é beneficiado pelo momento é o de exportações. Com o dólar em alta, a venda de produtos brasileiros ao exterior deve gerar maiores receitas, sem que o montante exportado seja alterado.
Empresas como a Embraer, por exemplo, podem estar entre as mais beneficiadas no comércio exterior, já que 83% da carteira de vendas da companhia estão atrelados às vendas em dólar.
A JBS dos irmãos Batista também podem sair ganhando com o dólar no topo. Em abril, por exemplo, a empresa anunciou investimentos de R$ 150 milhões para ampliar seus frigoríficos e aumentar as vendas para a China.
Já segmentos que dependem de itens como capacitores, circuitos integrados e microchips, como o de eletroeletrônicos, eventualmente terão de reajustar preços por depender das importações.
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