O diretor de compliance da antiga Odebrecht, Rafael Mendes, defendeu redução significativa de multas à empreiteira
Lula inspecionou obras da Odebrecht em São Paulo
No amargo aniversário de 10 anos da Lava Jato - e logo após a confirmação do retorno de empreiteiras condenadas aos canteiros de obras do governo Lula - um diretor da Novonor - a antiga Odebrecht - afirmou “ser necessário” ampliar o perdão às empresas envolvidas em escândalos de corrupção.
O apelo chega junto com a falência do combate ao crime, marcado pela anulação no STF de todas as provas que descreviam o pagamento de propina a agentes públicos nas administrações petistas entre 2003 e 2016.
Para Rafael Mendes - que atua no setor de Integridade e Riscos da empreiteira desde o início das investigações - as multas aplicadas à Odebrecht e às demais construtoras estão fora da realidade e precisariam ser reduzidas.
“Você olha para uma empresa que tem 180 mil empregados, que como grupo fatura R$ 100 bilhões, e calcula uma multa. Mas a empresa, como resultado de todo esse processo, agora tem 13 mil empregados, fatura R$ 5 bilhões. Essas multas que você estabeleceu são realistas? Ou elas vão terminar de destruir a empresa, o que não é do interesse de ninguém”, afirmou Mendes à Folha de S. Paulo.
Desvio de recursos da Petrobras prejudicou pensionistas da empresa
Independente da análise - que olha apenas para o futuro da empresa que confessou seus crimes - o diretor não pesou os efeitos que o conluio com agentes públicos causaram aos cidadãos brasileiros que dependem dos recursos da Petrobras causou um rombo de R$ 14 bilhões nos fundos de pensão administrados pela Petros. O prejuízo, segundo a companhia, só deve ser reparado em 2028.
Diretor faz comparação com escândalos internacionais
Em sua defesa para a reduzir multas e dar sobrevida à nova Odebrecht, Rafael Mendes destaca que casos semelhantes envolvendo empresas como Siemens, Airbus e Volkswagen pagaram multas pesadas, mas continuaram a obter rendas satisfatórias - ao contrário da construtora fundada por Emílio Odebrecht.
“Nenhuma dessas outras empresas sofreu tamanho impacto de uma ação de aplicação de leis de corrupção como o Grupo Novonor e a OEC sofreram. Não são bases nem comparáveis”, comparou Mendes, que atualmente diz checar diretamente a caixa de e-mails dos colaboradores da empresa para identificar se há reuniões agendadas com políticos.
“A empresa deve ser punida, mas não destruída”, ressalta Mendes.
Fala de diretor acompanha ataques de Lula à Lava Jato
A declaração do diretor de compliance da Novonor reflete o que o atual presidente da república pensa sobre a operação Lava Jato. Desde que o STF o habilitou para concorrer ao cargo, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) têm atacado sistematicamente os procuradores de Curitiba, os culpando pela derrocada financeira das empreiteiras. Ao assumir, o discurso foi mantido - e reforçado.
“Eu vou dizer como presidente da República: tudo o que aconteceu nesse país foi uma mancomunação entre juízes desse país, alguns procuradores desse país, subordinados ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que queriam e nunca aceitaram o Brasil ter uma empresa como a Petrobras”, acusou Lula em janeiro deste ano.
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