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Foto do escritorCarlos Dias

Demarcações de Lula: atraso econômico e violação constitucional



As recentes ações do governo Lula referentes à demarcação de terras indígenas têm gerado significativa controvérsia e preocupação em diversos setores da sociedade brasileira. Na última quarta-feira (23), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, assinou sete portarias declaratórias reconhecendo novos territórios indígenas, abrangendo uma área de 18.614 hectares em municípios do estado de São Paulo e do Vale do Ribeira. Essa medida, embora celebrada por representantes dos povos indígenas, levanta sérias questões sobre seu impacto econômico e social, além de desafiar princípios constitucionais estabelecidos.


As terras reconhecidas incluem as áreas indígenas Jaraguá, Peguaoty, Djaiko-aty, Amba Porã, Pindoty - Araça-Mirim, Tapy'i/Rio Branquinho e Guaviraty. A ação do governo Lula, no entanto, ignora flagrantemente o Marco Temporal estabelecido pela Constituição de 1988, que determina que apenas as terras ocupadas por indígenas naquela data deveriam ser demarcadas. Ao desconsiderar esse princípio fundamental, o governo atual não apenas cria uma perigosa insegurança jurídica, mas também viola diretamente o direito à propriedade de inúmeros produtores rurais que têm cultivado e desenvolvido essas terras por décadas.


O ministro Lewandowski, que já havia reconhecido 11 territórios indígenas em 2024, argumenta que os processos seguem "com segurança e dentro da Constituição". Essa afirmação, contudo, é altamente questionável, considerando o evidente desrespeito ao Marco Temporal e a completa falta de diálogo com os setores produtivos afetados por essas decisões unilaterais.


Um dos aspectos mais preocupantes dessas demarcações é que elas ocorrem sem o devido diálogo com produtores rurais e sem uma análise profunda sobre os impactos socioeconômicos para os municípios. A ausência de compensações para os proprietários de terras que se veem repentinamente expropriados de suas áreas de produção agrícola e pecuária é uma grave injustiça que não pode ser ignorada. O Vale do Ribeira, uma região tradicionalmente agrícola, agora enfrenta incertezas relevantes sobre como a expansão das terras indígenas afetará sua economia local, que depende intensamente da produção de alimentos e do desenvolvimento rural.


O modelo atual de demarcação, imposto pelo governo, ignora completamente o potencial de coexistência entre terras indígenas e atividades produtivas sustentáveis. Uma abordagem mais equilibrada e justa poderia permitir que os indígenas explorassem economicamente seu patrimônio, seja de forma autônoma ou através de parcerias com a iniciativa privada. Isso não só respeitaria os direitos dos povos indígenas, mas também promoveria sua autonomia e o desenvolvimento econômico dessas comunidades e das regiões onde estão inseridas.


Enquanto o governo enfatiza a preservação ambiental restritiva como justificativa e política governamental para essas demarcações, ignora-se o risco real de comprometer seriamente a produção agrícola do país. O Brasil, como um dos maiores exportadores de alimentos do mundo, tem um papel fundamental na economia nacional e global. A retirada irresponsável de áreas produtivas para demarcação de terras indígenas, sem um plano de compensação ou integração econômica, certamente deverá impactar negativamente a segurança alimentar e a economia rural em grande escala.


É fundamental que o governo reconsidere urgentemente essa política de demarcações aceleradas e busque um diálogo mais amplo com todos os setores da sociedade. Uma solução verdadeiramente justa e sustentável deve respeitar o Marco Temporal, permitindo o desenvolvimento econômico do país. Outro ponto esquecido é o da transformação das reservas indígenas em propriedades efetivas dos próprios indígenas, permitindo-lhes, com a titularidade da terra, explorar economicamente seu patrimônio de forma sustentável e em parceria com o setor privado quando desejado.


As recentes demarcações de terras indígenas pelo governo Lula representam, portanto, uma política controversa e potencialmente danosa que desrespeita o Marco Temporal constitucional, prejudica o direito à propriedade e ignora os graves impactos econômicos nas regiões afetadas. É fundamental que se busque uma abordagem mais equilibrada e constitucional para lidar com essa questão complexa, garantindo que os direitos de todos os brasileiros sejam respeitados e que o desenvolvimento econômico do país não seja sacrificado em nome de uma política mal concebida e potencialmente desastrosa.

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