Cenário econômico e justificativas para o aumento da taxa básica de juros
Cenário Externo
O ambiente externo continua desafiador devido ao momento de inflexão do ciclo econômico nos Estados Unidos, o que gera incertezas sobre os ritmos de desaceleração, desinflação e a postura do Federal Reserve (Fed). Os bancos centrais das principais economias estão determinados a promover a convergência das taxas de inflação para suas metas, em um contexto de pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário externo, caracterizado por menor sincronia nos ciclos de política monetária entre os países, exige cautela por parte dos países emergentes.
Cenário Doméstico
Os indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho no Brasil têm mostrado maior dinamismo do que o esperado, levando a uma reavaliação do hiato do produto para o campo positivo. A inflação medida pelo IPCA, bem como as medidas de inflação subjacente, situou-se acima da meta nas divulgações mais recentes.
As expectativas de inflação para 2024 e 2025, apuradas pela pesquisa Focus, estão em torno de 4,4% e 4,0%, respectivamente. A projeção de inflação do Copom para o primeiro trimestre de 2026, horizonte relevante de política monetária, é de 3,5% no cenário de referência.
Balanço de Riscos
O Comitê identifica uma assimetria altista no balanço de riscos para a inflação. Entre os riscos de alta, destacam-se:
1. Desancoragem prolongada das expectativas de inflação.
2. Maior resiliência na inflação de serviços devido a um hiato do produto mais apertado.
3. Políticas econômicas externas e internas que impactem a inflação, como uma taxa de câmbio persistentemente depreciada.
Entre os riscos de baixa, destacam-se:
1. Desaceleração global mais acentuada do que a projetada.
2. Impactos mais fortes do aperto monetário sobre a desinflação global.
Política Fiscal e Impactos
O Comitê monitora atentamente como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. A percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal tem influenciado os preços de ativos e as expectativas. O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, impactando a política monetária.
Decisão de Política Monetária
Diante da resiliência na atividade econômica, pressões no mercado de trabalho, hiato do produto positivo, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas, o cenário demanda uma política monetária mais contracionista. Considerando a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para 10,75% a.a. Essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para a meta ao longo do horizonte relevante.
Ajustes Futuros
O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo iniciado serão ditados pelo compromisso firme de convergência da inflação à meta. Isso dependerá da evolução da dinâmica da inflação, especialmente dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.
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