Mudanças na meta fiscal, inflação e intervenções em estatais têm afastado os investidores da bolsa
Na última sexta-feira, a Bolsa de Valores de São Paulo atingiu um patamar nada satisfatório: no acumulado do ano, o Índice Bovespa voltou a se tornar o pior colocado entre os mercados globais, com perdas de quase 7% acumuladas em 2024.
Com o resultado, a B3 repetiu o desempenho negativo do primeiro trimestre, quando apareceu na última posição internacional com baixa de 4,53%.
Entre os fatores que têm pesado na derrocada da bolsa brasileira, é quase unanimidade apontar para a volatilidade das medidas econômicas de Lula e as constantes interferências na Petrobras.
Para este ano, por exemplo, o governo Lula já adiantou que será impossível cumprir a meta fiscal de déficit zero. Já para 2025, Fernando Haddad descartou encerrar o ano com superávit, oferecendo déficit primário zerado como cenário mais otimista.
Inflação e intervenções
Outro sinal de que o Brasil não é um porto seguro para investimentos veio novamente de Haddad. O ministro da Fazenda declarou que determinar 3% para a meta de inflação seria uma medida “muito exigente”.
"Uma meta, para um país com as condições do Brasil, de 3% de inflação é um negócio inimaginável. Desde que o regime de metas foi instituído, quantas vezes o Brasil teve 3% de inflação? Quantos anos isso aconteceu nos 25 anos do regime de metas?”, declarou Haddad.
Por sua vez, os ruídos políticos relacionados à interferência na Petrobras e demais estatais têm sido preponderantes para a fuga de capital estrangeiro.
Além de demitir Jean Paul Prates sob pressão dos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Silveira (Minas e Energia), Lula anunciou Magda Chambriard para executar medidas que podem afetar o capital da estatal, como investimentos na indústria naval.
Silveira também demonstra interesse em alterar o pagamento de dividendos das empresas distribuidoras de energia. Na semana passada, o ministro disse que tem a intenção de limitar a distribuição de recursos em caso de descumprimento de metas.
“Caso elas não estejam cumprindo esses índices econômicos financeiros, nós teremos o direito de limitar a distribuição de dividendos ao mínimo legal pela Lei das SAs”, afirmou.
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