Boletim Focus aponta inflação acima da meta e mantém projeção de alta na Selic em 2025
- Núcleo de Notícias
- 7 de abr.
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Banco Central e mercado convergem para cenário de juros elevados e inflação persistente, enquanto incertezas dominam a política monetária

O mais recente Boletim Focus do Banco Central, divulgado nesta segunda-feira (7), indica que o mercado segue projetando inflação acima do teto da meta para 2025, ao mesmo tempo em que mantém a expectativa de novos aumentos na taxa básica de juros (Selic). A mediana das previsões para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do próximo ano permaneceu em 5,65% pela segunda semana consecutiva, superando em 1,15 ponto percentual o limite superior da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, de 4,50%.
Apesar da estabilidade nas previsões agregadas, uma análise das estimativas mais recentes — aquelas atualizadas nos últimos cinco dias úteis — revela uma leve melhora na expectativa, com a mediana recuando de 5,64% para 5,48%. Já para 2026, a projeção se manteve em 4,50%, ainda no limite superior da meta, embora as previsões mais recentes apontem um pequeno recuo, de 4,50% para 4,42%.
O Banco Central, por sua vez, estima um IPCA de 5,1% em 2025 e de 3,7% em 2026, conforme o último Relatório de Política Monetária. A autarquia deve atualizar o horizonte de referência para suas metas na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para os dias 6 e 7 de maio, passando do terceiro para o quarto trimestre de 2026.
No cenário dos juros, a mediana do Focus para a Selic ao fim de 2025 permanece em 15,0% pela 13ª semana consecutiva, indicando que o mercado acredita em mais 0,75 ponto percentual de alta em relação ao patamar atual de 14,25%. Trata-se do maior nível desde maio de 2006, ainda no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando a taxa vinha de um ciclo de queda após atingir 19,75% em 2005.
Para 2026, a mediana estável em 12,50% há dez semanas sugere uma expectativa de queda moderada no ano seguinte. Entretanto, as previsões mais recentes indicam um viés de baixa mais acentuado, com a mediana caindo para 11,63%. Já para 2027 e 2028, o mercado segue apostando em uma lenta convergência da Selic para níveis mais baixos: 10,50% e 10,00%, respectivamente.
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reforçou no final de março que o Copom não pretende se comprometer com uma trajetória rígida de política monetária neste momento. Segundo ele, o comitê busca reunir o máximo de informações possíveis para garantir uma atuação fundamentada, especialmente após os recentes aumentos na taxa de juros.
A partir de 2024, a meta de inflação passou a ser contínua, baseada no IPCA acumulado em 12 meses. O centro da meta é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Caso o índice ultrapasse esse intervalo por seis meses consecutivos, o Banco Central e o governo são considerados como tendo perdido o controle sobre a inflação.
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