Presidente do STF minimiza denúncias de injustiças no tratamento aos reclusos
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, reiterou nesta sexta-feira (15) sua oposição a qualquer possibilidade de anistia aos manifestantes após os eventos de 8 de janeiro, antes que seus casos sejam julgados. Em declarações feitas na sede da Corte, Barroso descartou a ideia de inocência ou ingenuidade entre os envolvidos, desconsiderando os inúmeros relatos de abusos, prisões arbitrárias e violações de direitos humanos que marcaram as operações de repressão.
– A anistia antes mesmo da condenação parte do pressuposto de que não aconteceu nada grave nem relevante, acho que é um equívoco – disse Barroso, sugerindo que a narrativa oficial sobre os eventos já está definida antes mesmo de investigações conclusivas ou julgamentos imparciais.
Barroso também fez críticas ao que chamou de “discurso falso” sobre a participação de pessoas inocentes nos atos, ignorando as evidências de que muitos dos detidos sequer estiveram no local ou foram presos indiscriminadamente, em clara afronta ao devido processo legal. Entre as vítimas dessas ações estariam idosos e mulheres, submetidos a condições degradantes em centros de detenção.
O ministro destacou que os inquéritos conduzidos pelo ministro Alexandre de Moraes e pela Polícia Federal estão perto da conclusão, indicando que o material será em breve entregue à Procuradoria-Geral da República. No entanto, a celeridade das investigações contrasta com a morosidade em ouvir as denúncias de injustiças e arbitrariedades enfrentadas por centenas de brasileiros.
As declarações de Barroso, além de reforçar o discurso punitivista, evidenciam uma visão alinhada à criminalização de manifestações populares, ignorando o contexto de insatisfação legítima de parte da sociedade diante das instituições do país.
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