Economista-chefe do BB aponta que alta de juros nos Estados Unidos poderá afetar decisões do Copom
Banco do Brasil - Agência Brasil/EBC
Em setembro, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, se reuniu pela primeira vez com o presidente da república para colocar uma espécie de “panos quentes” na relação.
Nunca foi segredo a animosidade de Lula e do governo petista para com o dirigente do BC. Nomeado por Jair Bolsonaro - e com total autonomia para a tomada de decisões - Campos Neto tem sido uma espécie de trava de segurança para os rompantes da equipe econômica governista, que já deixou bem clara a intenção de não poupar recursos.
Embora o Banco Central seja o principal responsável pela política monetária com fins de controlar a inflação, Roberto Campos Neto e os demais membros do Comitê de Política Monetária (Copom) concordaram em reduzir a Selic nas últimas reuniões da entidade. Atualmente em 12,75%, a taxa básica de juros ainda é considerada alta para os padrões globais. A questão principal que paira sobre o mercado é simples: o BC manterá a trajetória de queda da Selic?
Na opinião do Banco do Brasil, o ritmo de corte não deve ser tão acelerado quanto o governo federal gostaria. Em análise divulgada nesta semana, o economista-chefe do BB, Marcelo Ribeiro acredita que a taxa de juros básica de nossa economia deva encerrar 2023 em 11,73%.
Alta de juros nos EUA
Embora aposte na continuidade da queda da Selic, Ribeiro ponderou alguns fatores - principalmente externos - que podem interromper a sequência positiva. O principal deles, de acordo com o economista, seria a continuidade do aumento de juros nos Estados Unidos.
Marcelo Ribeiro destaca que o Federal Reserve (FED) deverá reagir ao máximo à escalada inflacionária no país, cuja meta de 2% ao ano não deve ser atingida em 2023. Para Ribeiro, os juros internos americanos ficarão no mínimo em 5,25%, e não serão mais reduzidos conforme previsão do trimestre anterior.
Efeitos no Risco-Brasil
Outro detalhe pontuado pelo economista-chefe do Banco do Brasil foi o efeito imediato em cotações cambiais e no risco-país. Ribeiro destaca que, logo após a sinalização de alta de juros nos EUA pelos membros do Comitê de Política Monetária do FED, houve uma piora de 15% para 20% nos prognósticos que avaliam os riscos para investimentos no Brasil.
Segundo Ribeiro, a soma de todos os indicadores devem influenciar nas decisões do Banco Central do final deste ano até 2024.
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