Arrecadação recorde, gestão ineficiente: a rotina do perigo fiscal
- Carlos Dias
- 29 de jan.
- 2 min de leitura

Um governo que se vangloria de recordes constantes de arrecadação enquanto enfrenta déficits crescentes apresenta uma complexidade que desafia a lógica comum e necessita de uma análise mais apurada. À primeira vista, a ideia de que é possível arrecadar mais e, ainda assim, encontrar-se em um fosso fiscal deflagra o cuidado e a virtude de examinar os ingredientes dessa equação aparentemente descompassada. A raiz do problema reside em algo tão óbvio quanto ignorado: o aumento desmedido das despesas públicas. Não apenas em políticas sociais que, embora possam até ser bem intencionadas, carecem de controle mais rigoroso de sua efetividade, mas também nos tentáculos do endividamento que crescem à medida que a máquina pública se torna refém de juros extremamente pesados.
Há potencialmente um quadro de ineficiência em jogo, onde a administração pública trabalha de forma onerosa e em linhas tortas, com desvios e má gestão corroendo os frutos da arrecadação que tanto se vangloria. A questão da corrupção, sempre latente no campo político-administrativo, amplifica a sensação de que a pujança arrecadatória não se traduz em benefícios ao cidadão, mas sim em um buraco obscuro de desperdício. Essa situação demanda uma revisão das bases de distribuição tributária. Em muitos casos, encontramos uma estrutura assimétrica, onde a pressão recai pesadamente sobre determinados setores da economia enquanto outros desfrutam de tributação quase simbólica. É nesse ponto que a reforma fiscal emerge como um grito silencioso, urgindo por reorganização que permita uma otimização das despesas e a maximização das receitas de forma justa, eficiente e transparente.
Se o governo não redireciona sabiamente suas finanças, corre o risco de enredar-se em uma dependência cega ao endividamento que compromete o presente e o futuro. Isso acarreta um impacto direto sobre o crescimento econômico, alimentando uma atmosfera de incerteza que impacta negativamente a confiança dos investidores e desacelerar, por seu turno, setores produtivos essenciais. Além disso, os contribuintes sentem na pele o peso de uma carga tributária drasticamente excessiva, gerando repulsa e desestímulo para a inovação e o avanço.
A real solução reside numa atuação enérgica e comprometida, buscando um relacionamento harmonioso com o uso dos recursos disponíveis, para que se evite a recorrência aos mecanismos desgastantes da dívida. Avançar no enfrentamento contra a corrupção, assegurar eficiência, e fomentar a descentralização adequada das ações estatais despontam como os trilhos necessários para realocar a locomotiva econômica em sua devida rota. Outro ponto importante a se destacar, é o correto e necessário manejo fiscal estratégico, combinando prudência administrativa e comprometimento ético, fazendo desta fase complexa de altos e baixos financeiros uma mera ponte para um futuro mais sólido e viável.
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