A CNA em crise de identidade
- Carlos Dias
- 23 de mar.
- 2 min de leitura

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) historicamente se posicionou como a principal defensora dos interesses do setor agropecuário nacional. Originalmente, sua missão central era salvaguardar os direitos dos produtores rurais perante o governo e outras instituições, buscando criar um ambiente favorável ao desenvolvimento do setor. A oferta de suporte técnico, capacitação e informações relevantes visava aprimorar as práticas dos produtores e impulsionar a eficiência de suas atividades, fortalecendo a base produtiva do país.
A CNA também desempenhou um papel fundamental na promoção do agronegócio brasileiro, buscando novas oportunidades de negócios e mercados para os produtos agropecuários. Ao coordenar as federações de agricultura e pecuária de cada estado, a entidade consolidava sua influência em todas as regiões, atuando como um elo entre os produtores e as esferas decisórias.
A defesa da propriedade privada, da liberdade de empreendimento e da segurança jurídica no campo sempre foi um pilar fundamental da atuação da CNA, reconhecendo que esses elementos são essenciais para o desenvolvimento a longo prazo do agronegócio. O apoio à modernização do setor, incentivando a inovação e a adoção de práticas mais eficazes e alinhadas com o uso inteligente dos recursos, demonstrava um compromisso com o progresso e a competitividade da agropecuária brasileira.
Entretanto, ao longo do tempo, surgem questionamentos sobre a fidelidade da CNA aos seus princípios originais. A aproximação com governos de diferentes matizes políticas e, especialmente, neste governo do Partido dos Trabalhadores, levanta dúvidas sobre a sua imparcialidade e a real defesa dos interesses dos produtores. A atuação da Confederação em áreas como políticas agrícolas, legislação ambiental e sistema tributário, embora importante, aparentemente se desviaram do objetivo de beneficiar os produtores e por consequência, o país, cedendo a pressões políticas e interesses de grupos específicos.
A crescente influência de agendas externas nas formulações de pautas da CNA, notadamente o apoio a Agenda 2030 da ONU, é uma grande contradição. Embora a CNA defenda que apoia a agenda em busca de um desenvolvimento mais equilibrado, é nítido que as bases dessas diretrizes prejudicam a produção e o desenvolvimento humano no campo, restringindo a liberdade dos produtores e impondo práticas que não se adequam à realidade brasileira.
Diante desse cenário, é fundamental questionar se a CNA ainda representa autenticamente os interesses dos produtores rurais ou se tornou um instrumento de permuta política, priorizando agendas que nem sempre se alinham com as necessidades e aspirações da classe produtora brasileira. Uma análise crítica e aprofundada da atuação da CNA é essencial ser feita pelos sindicatos rurais, base da representação, para garantir que a entidade volte a cumprir o seu papel de defensora dos interesses do setor agropecuário, sem ceder a influências externas que possam comprometer o seu compromisso com o desenvolvimento natural e legitimo da agropecuária brasileira.
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